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Uma sociedade alternativa e organizada para impulsionar o blues nacional

Combate Rock

09/01/2017 07h04

Marcelo Moreira

Celso Salim (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Celso Salim (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Uma sociedade do blues para revigorar e revitalizar uma cena pequena e que, atualmente, está bastante dispersa. A ideia não é nada original, mas ninguém se deu ao trabalho de sugerir tal coisa no Brasil. Pelo menos até agora.

Depois de ver a indicação de Igor Prado e sua banda para o prêmio de melhor álbum iniciante do mais prestigiado instituto de blues dos Estados Unidos, depois de ver os bons resultados de vendas do mais recente álbum de Nuno Mindelis nos Estados Unidos e dos prêmios que ele mesmo ganhou na América do Norte, o guitarrista brasileiro Celso Salim fez uma pertinente reflexão via e-mail para um grupo seleto de amigos e artistas.

Músico conceituado e respeitadíssimo em terras norte-americanas, Salim tem prestígio no Brasil, só que teve de partir há dois anos para nova temporada no exterior ao constatar que a cena por aqui estava parada.

Brasiliense, partiu para os Estados Unidos no final dos anos 90 e retornou em meados da década seguinte. Gravou e lançou CDs e se estabeleceu por muito tempo em São Paulo, sendo uma das atrações mais requisitadas do circuito outrora vibrante de São Paulo.

Foi ele o artista convidado para inaugurar um interessante projeto de blues às quintas-feiras na rede de restaurantes mexicanos Sí Señor, na unidade de São Bernardo do Campo (ABC paulista).

Estabelecido na Califórnia, em sua nova passagem pelos Estados Unidos, foi indicado para vários prêmios e ganhou os mais prestigiados, além de ser convidado para ser jurado em diversas premiações.

E aí veio a reflexão: por que não há nada parecido no Brasil e na Argentina para divulgar o blues? Nos Estados Unidos existem diversos clubes, sociedades e "academias" que fazem concursos e avaliações frequentes para estimular a produção de trabalhos inéditos e o surgimento de novos artistas – e agora os americanos estão voltando os olhos para músicos de outros países, como Brasil, Argentina, México, Espanha, Alemanha e Austrália, entre outros.

Se os americanos estão apreciando o blues brasileiro, por que os brasileiros insistem em ignorá-lo? Os cenários por aqui são distantes e pouco se comunicam. Em São Paulo há um grande número de músicos de alta qualidade, mas não há uma cena.

No interior do Estado, alguns abnegados tentam manter a chama acesa, como David Tanganelli (São Carlos), Neto Rockfeller (São Carlos), Marcelo Naves (São José dos Campos) e Rico Pereira (São José do Rio Preto).

No Rio de Janeiro, Flávio Guimarães e seus Blues Etílicos e os guitarristas Álamo Leal e Cristiano Crochemore insistem, assim como os gaúchos Fernando Noronha e Rodrigo Campagnolo, ambos com sólida carreira internacional. O que falta então?

"Escrevo este texto para incentivar todos os amigos/artistas de blues do Brasil a se inscrever no PPM (Premio Profissionais da Música)"", diz o guitarrista Celso Salim em em e-mail para várias pessoas importantes do cenário blues nacional.
"O PPM é nacional, está na sua 3a edição e é produzido pela GRV, produtora de Brasília e eu conheço bem o presidente Gustavo Vasconcelos.
Nas duas primeiras edições do prêmio existia a categoria rock/blues, mas eu sempre achei que os 2 estilos não poderiam ficar juntos. Conversei com o Gustavo e este ano serão 2 categorias separadas. Sendo assim, que eu saiba, este é o único prêmio nacional que tem uma categoria exclusiva de blues. Logo seria muito legal que blueseiros de todo o pais se inscrevessem. É gratuito também! 
Eu sei que muita gente não tem interesse em se cadastrar em prêmios assim por  vários motivos; "são injustos" ou "música não é competição", entre outros. Realmente o resultado é subjetivo, pois são pessoas que votam nos trabalhos e nunca se sabe o que elas gostam ou não mas Independente disso acho que incentiva a cena de blues!
Em 2015 eu ganhei o prêmio e em 2016 foi o Adriano Grineberg. Agora sendo somente Blues, será muito mais interessante!
E seria muito legal ver nomes de peso do blues nacional lá também. 
Aqui nos EUA existem alguns prêmios para o Blues, como o Blues Blast Magazine Awards, o Independent Music Awards e o maior deles o Blues Awards, que a Igor Prado Band foi indicada este ano. Vale a pena mandar os trabalhos para estes também!
 
Estou morando nos EUA há 2 anos e aqui tomei conhecimento da enorme quantidade de sociedades de Blues existentes aqui e no mundo.
Estas sociedades, que são filiadas ao Blues Foundation, além de incentivar a cena local também promovem competições anuais (battle of the bands) das quais o vencedor ganha uma vaga para competir no IBC (International Blues Challenge), em Memphis a cada ano. Só na Califórnia são mais de 10 sociedades de Blues, e mais de 200 pelo mundo.
No ano passado eu ganhei o battle of the bands da SCBS (Southern California Blues Society) e fui para Memphis competir no IBC 2016. Foi uma experiencia incrível! Este ano, o Artur Menezes, que também mora aqui, ganhou pela SCVBS (Santa Clarita Valley Blues Society) e vai competir no IBC 2017. 
Então me veio uma pergunta: Como o Brasil não tem nenhuma sociedade de como essas, que manda artistas para Memphis anualmente???
Creio que, depois dos países de lingua inglesa, nosso país tenha uma das maiores cenas de Blues do mundo. Até a Colombia mandou representante para o IBC. Seria muito legal se alguém montasse uma "brazilian blues society", ou algo parecido, e assim mandar artistas anualmente para competir em Memphis.
Pode ser nacional, estadual ou até de uma cidade só, "Sociedade de blues de Sãoo Paulo" ou " Rio Blues Society"…. A cena de Blues brasileira é muito pouco conhecida aqui e temos excelentes artistas.
Escrevo este texto para plantar essa ideia na comunidade do blues. Eu sei que para nós que já temos nossa carreira para administrar é difícil encabeçar algo assim mas nós temos contato com muitas pessoas apaixonadas por blues que eventualmente poderiam se interessar, investir, etc.
Entendo também que a situação do país está terrível e vai demorar uns anos para melhorar mas como eu falei anteriormente, escrevo apenas para plantar uma ideia para o futuro. Como eu moro aqui nos EUA, fica difícil para eu ajudar diretamente a montar uma sociedade, mas estou a disposição para qualquer tipo de consultoria a respeito.

 

 

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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