Com álbum clássico de estreia, The Doors escancarava há 50 anos as portas da psicodelia
Ricardo Gozzi – do site Roque Reverso
O álbum "The Doors" completa na primeira semana de 2017 nada menos que 50 anos desde seu lançamento, em 1967, e cada audição parece uma nova viagem. O primeiro LP do quarteto formado por Jim Morrison, Robby Krieger, Ray Manzarek e John Densmore é, sem dúvida, um dos melhores álbuns de estreia de uma banda de rock em todos os tempos. É preciso desenhar que se trata do The Doors? Acredito que não.
O lirismo de Jim Morrison acabou por situar o Doors como uma das primeiras bandas a experimentarem sucesso comercial juntando rock e boas letras. Bob Dylan já vinha fazendo o mesmo – e com mais competência – antes do Doors, mas a psicodelia do quarteto californiano daria o tom de um dos períodos mais importantes da história do rock.
Antes de Jim Morrison e Bob Dylan, raras letras escapavam à farofa. Não que boas letras tenham deixado de ser exceção, mas falemos de "The Doors".
Sobram poesia, referências literárias e irreverência no disco de estreia da banda californiana, lançado em 4 de janeiro de 1967 pela Elektra depois de a Columbia não ter honrado seu contrato de produção com o quarteto.
A abertura arrebatadora de "Break on Through (To The Other Side)" simplesmente impede o ouvinte de pensar em desistir do restante do álbum. A faixa escancara as portas da percepção – o nome da banda saiu de uma referência aos escritores Aldous Huxley e William Blake – para a psicodelia e reflete a intensidade com que o Doors deixaria sua marca na história.
O lado A segue viagem com "Soul Kitchen", "The Crystal Ship", "Twentieth Century Fox" e "Alabama Song", parte da sátira de Bertolt Brecht aos sermões de Martinho Lutero musicada por Kurt Weill para a ópera "Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny", proibida pelo regime nazista na Alemanha e resgatada na década de 1960. Para finalizar a primeira parte do LP, "Light My Fire". É uma sequência pra deixar o caboclo desnorteado.
E se o ouvinte não ficar desnorteado de cara, que passe então para o lado B, inaugurado pela sacana "Back Door Man", do bluesman Willie Dixon. A audição segue com "I Looked at You", "End of the Night" e "Take as it Comes" para então encerrar com a épica "The End", portadora do extenso e viajante poema incidental que renderia a Morrison o apelido de "Rei Lagarto".
Então você descobre que a obra-prima produzida por Paul A. Rothchild, com mais de 20 milhões de discos vendidos em todo o mundo, foi gravada em apenas seis dias numa mesa de quatro canais, sendo que o quarto canal foi usado na maior parte das vezes para overdubs.
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