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As lições da SIM São Paulo 2016

Maurício Gaia

14/12/2016 17h00

 

sim sao paulo

A SIM São Paulo – Semana Internacional de Música, que aconteceu na semana passada, provou que não só é a maior feira de música do país, mas também um lugar para reflexão sobre os rumos que a indústria da música está tomando no Brasi e no mundo.

Abaixo, listo alguns pontos que achei interessante ressaltar.

Midstream – talvez tenha sido o termo mais ouvido durante a semana. Que existe a consolidação de um mercado midstream no Brasil que, mesmo sem aparecer para o grande público, permite que bandas e artistas vivam de seu trabalho. Não sei se esta consolidação é real ou apenas uma tendência. Esta entrevista com os Boogarins, para o site Noize, é bem esclarecedora: mesmo o midstream precisa de espaços na tv (em especial a aberta) e no rádio.

Internet como a salvação da lavoura – A internet se consolidou como importante meio de divulgação de artistas. Mas não adianta pensar que colocar o video no Youtube ou o álbum no Bandcamp vai resolver tudo. Não vai. Tem muita ralação, muita correria e, principalmente, tem que tocar muito para que a estratégia funcione. A internet traz maior interação, mas ainda não consegue os mesmos volumes como os meios tradicionais.

Música e marcas – Cada vez mais marcas buscam se vincular às imagens de artistas e eventos. Essa parceria é benéfica, mas o artista e os produtores dos eventos tem que ter bem claros o que NÃO irão fazer de jeito nenhum antes de assinar os contratos. "Não adianta a marca pedir três posts no FB, si lá quantas fotos no Instagram e ficar contabilizando curtidas. Isto pode funcionar com blogueiros. Artista tem que criar, tem que estar focado em sua arte", disse um produtor.

The Baggios, no palco da Associação Cultural Cecília (Foto: Maurício Gaia)

The Baggios, no palco da Associação Cultural Cecília (Foto: Maurício Gaia)

 

Showcases e Shows – a programação dos showcases e dos eventos noturnos foi extensa e trouxe muitos novos nomes e alguns já velhos conhecidos deste Combate Rock. Destacaria as apresentações de Mahmundi, no Auditório Ibirapuera; Hierofante Púrpura e Boogarins, no Stage Bar; Molina Y Los Cósmicos, no CCSP; Les Deuxluxes, no Centro Cultural Rio Verde (sério, é uma banda com duas guitarras, uma bateria e DOIS integrantes apenas) e The Baggios, na Associação Cultural Cecília. Sobre estes, uma constatação: Julico Andrade é um guitarrista estupendo. Quando o sonho do escritor Arthur Chrispin se realizar e for criada a U.R.S.A. (União das Repúblicas Socialistas do Agreste – um país composto pelos estados nordestinos), Julico será seu primeiro guitar hero.

Gabriel Thomaz apresenta os ganhadores do prêmio que leva seu nome (Foto: Maurício Gaia)

Gabriel Thomaz apresenta os ganhadores do prêmio que leva seu nome (Foto: Maurício Gaia)

Prêmio Gabriel Thomaz de Música Brasileira – Gabriel Thomaz criou esta premiação pra lá de inusitada e divertida e, numa noite igualmente animada, apresentou os ganhadores: Project Black Pantera e Alf Sá levaram empatados o Hit do Ano, Saico & Os Reis do Lixo levou álbum mais conceitual, Paulo Rocker, a capa mais bonita pelo disco do Autoramas, Reverb Brasil, o empreendimento mais lucrativo. A categoria Sou Suspeito, onde constava músicas compostas pelo próprio Gabriel, foi para The Baggios, pela música Desapracatado, composta em parceria com eles. FingerFingerrr, que abriu também foi homenageada, com uma garrafa de rum.

Perguntei a Gabriel sobre quem foram os jurados que participaram da escolha e ele disse "é segredo, não posso revelar!". Sobre The Baggios, que encerrou a festa, ele disse ainda "eles eram bons mesmo há uns dois anos. Hoje, são famosos, até tem namoradas, essas coisas".

A ausência do metal nacional – assim como nos outro anos, ressalto a não-participação de artistas do metal nacional, seja como palestrantes, assim como inscritos. A exceção desta vez foi a participação de Andreas Kisser, no painel "Minha Carreira no Exterior". Não consigo compreender a razão do desinteresse dos artistas e produtores deste subgenêro em um evento em que são discutidos o mercado da música, problemas e soluções e que, no final, também serve para plataforma para a geração de novos negócios.

O saldo final do evento é que, apesar da crise econômica que o país está atravessando, existem vários artistas que fazem parte de uma cena independente e, às custas de muito suor, conseguem fazer com que seu trabalho seja visto e ouvido por muita gente por aí. Que venha 2017!

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
Contato: contato@combaterock.com.br

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