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Uma das vozes do rock, Greg Lake era diferenciado dentro e fora dos palcos

Combate Rock

08/12/2016 13h19

Marcelo Moreira

Greg Lake (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Greg Lake (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A voz aveludada, potente e que preenchia todos os espaços logo entregava: o moço era diferenciado e um talento bruto. Assim que ele abriu a boca para cantar no Hyde Park, em Londres, abrindo um show dos Rolling Stones, em 1969, o impacto foi imediato: Greg Lake, o cantor e baixista do King Crimson, em breve se tornaria uma estrela do rock.

Cantor e baixista extraordinário, foi considerado por muitos amantes do rock progressivo como a verdadeira voz do rock, em contraposição aos que deram tal título a Glenn Hughes, coincidentemente também vocalista e baixista, ex-Deep Purple e Black Sabbath.

Lake morreu nesta quarta-feira (7), aos 68 anos de idade, meses depois do suicídio do tecladista Keith Emerson, três anos mais velho. Os dois integraram, ao lado do baterista Carl Palmer, o trio Emerson, Lake & Palmer, magistral grupo de rock progressivo e, nos anos 70, uma banda de rock herege, já que abolira a guitarra.

Segundo o empresário do artista, Stewart Young, o cantor travava uma longa batalha contra um câncer (não especificado e tratado em segredo). Neste ano trágico pára a música pop, Lake é mais um dos gigantes que vai embora.

Sereno e discreto, embora de personalidade forte, Greg Lake sempre trabalhou ao lado de gênios musicais, como o guitarrista Robert Fripp no King Crimson e Emerson, no Emerson Lake & Palmer, além de Pete Townshend, em uma colaboração com The Who.

Fripp e Emerson eram considerados maestros nos anos 60 e 70, mas admiravam a qualidade musical e o talento de Lake que, embora não tivesse uma formação erudita, tinha sólidos conhecimentos musicais e de composição, além de bom letrista.

Entretanto, Lake se destacou desde sempre pela voz bonita e forte, com um timbre diferente de tudo o que já havia aparecido na música pop. Sua interpretação era muito elogiada, muitas vezes comparada à do galês Tom Jones, que estourou com muitos hits pop nos anos 70.

Mesmo mantendo um relacionamento cordial com Robert Fripp, decidiu sair do King Crimson após cantar nos dois primeiros álbuns da banda. Queria formar o seu grupo e comandar, na medida do possível, as ações. Só não contava que teria de suportar o perfeccionismo de Keith Emerson, que acabou com a sua banda, The Nice, porque queria ser uma estrela.

A convivência nem sempre foi pacífica, mas durou o suficiente para várias idas e vindas ao longo de 45 anos, que rendeu obras-primas como "Pictures at an Exhibition", 'Works", "Trilogy" e algumas outras.

Emerson, Lake & Palmer, na sequência da esq. para a dir.; na foto, o trio em 1970 (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Emerson, Lake & Palmer, na sequência da esq. para a dir.; na foto, o trio em 1970 (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Como baixista, Greg Lake criou um estilo que acabaria sendo reproduzido especialmente no rock progressivo e no prog metal: som gordo, que preenchia tudo, quase como uma guitarra base, com fraseados criativos e cheio de notas, lembrando o monstro John Entwistle (The Who).

Na primeira vez em que esteve no Brasil, em 1993, junto com o Emerson, Lake & Palmer, mostrou-se bem distante do estrelismo de um gigante do rock. Enquanto Emerson e Palmer preferiram ficar reclusos, Lake circulou por São Paulo e adorou os restaurantes – na época, já estava bem gordinho.

Em um dos restaurantes, uma churrascaria da zona sul paulistana, comia tranquilamente com o empresário e alguns membros da produção do show, como se fosse um gringo comum saboreando a carne brasileira.

Logo acabou reconhecido por alguns dos frequentadores do local, o que lhe deixou lisonjeado e com o largo sorriso permanente até o final da noite. Atendeu a todos os pedidos de autógrafo e foi muito atencioso com todos. Lake era diferenciado até nesse aspecto – um gigante sobretudo fora do palco.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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