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No Rio, Black Sabbath faz história do heavy metal e lava a lama do carioca

Combate Rock

07/12/2016 17h00

Guilherme Monsanto* – publicado originalmente no site Roque Reverso

Black Sabbath no Rio (FOTO: REPRODUÇÃO YOUTUBE)

Black Sabbath no Rio (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Quem viu, viu. The end. Num show curto, pontual, mas muito poderoso, o Black Sabbath pisou no sábado, dia 2 de dezembro, no Rio de Janeiro pela terceira vez em sua história – as outras foram em 1992, com Ronnie James Dio nos vocais, no Canecão, e em 2013, com a mesma formação do sábado passado.

Set list previsível? Sim, mas não tinha como dar errado: a banda jogou para a plateia na Praça da Apoteose, parecia meio no automático e apresentou as mesmas canções dos seis shows anteriores da turnê The End. Mas e daí?

Previsível, mas incrível, com alguns elementos fora do eixo. Ou seria clichê iniciar um show com uma música que começa arrastada, como "Black Sabbath"?

Em seguida, três clássicos: "Fairies Wear Boots", "After Forever" e "Into the Void", dos primeiros discos da banda, vieram na sequência, mostrando um Ozzy muito afinado, mas econômico na presença de palco, sem correria, sem os baldes d'água na plateia – afinal de contas, aqui ele joga para a equipe e não é o único dono do espetáculo.

"Snowblind", executada logo depois, foi a representante solitária do "Vol. 4". Foi precisa, perfeita, com Ozzy atingindo bravamente as notas mais altas da música.

Depois, luzes apagadas e sirenes, telão bombando para "War Pigs", cantada de cabo a rabo por todos. Em seguida, "Behind the Wall of Sleep" preparou o terreno para a introdução do baixista Geezer Butler para "N.I.B.".

"Rat Salad" colocou o baterista Tommy Clufetos para trabalhar, descansando o resto da banda para um final matador: "Iron Man", óbvia, mas essencial num show do Sabbath,

"Dirty Women", do espetacular e subestimado "Technical Ecstasy", e "Children of the Grave", emplacando a terceira música do excelente "Master of Reality".

"Paranoid", executada no bis um pouco mais lenta do que em outras épocas, veio avassaladora, obrigatória, encerrando uma noite que, se poderia ter sido mais longa, foi igualmente inesquecível para os moleques das rodinhas e coroas nostálgicos que foram à Apoteose.

 

Daquilo que estava fora do palco: alguns reclamaram do som baixo – e diferentemente de 2013, estava um pouco mesmo, mas muito nítido. Era possível ouvir com clareza cada um dos instrumentos em sua proporção correta.

Outros chiaram contra a cerveja Heineken a R$ 12, cujo copo especial com a logo da banda e a data do show foi disputadíssimo. Tinha, mas acabou cedo demais.

Sobre assistir a shows na Praça da Apoteose: este jornalista costumava achar um dos locais mais confortáveis para assistir shows antes da invenção da Pista Premium, VIP. Lá atrás, e nas arquibancadas, casa cheia, e a sensação de que estas duas áreas já foram maiores.

Isso fica ainda mais marcante se compararmos a pista comum do show do Guns, no Engenhão, no mês passado. Muitos de nós fomos salvos pelo telão.

No fim, apesar do show curto, de 13 músicas – pouco mais de 1 hora e meia– bateu a nostalgia. De saber que vimos a história do gênero musical de que tanto gostamos passar diante dos nossos olhos. Provavelmente nossa derradeira oportunidade de ver o verdadeiro "Iron Man" Tony Iommi, mestre dos riffs e que botou um câncer para correr.

De ouvir um dos frontmen mais emblemáticos da música no século XX. E de curtir um dos baixistas mais influentes do metal. Faltou Bill Ward? Claro, mas Tommy Clufetos, baterista em sua segunda tour com a banda, esbanjou muita técnica, agilidade e força.

Para quem tem a carreira e o repertório de 48 anos de estrada, seria perfeitamente possível um outro set list. O Black Sabbath pode de fato pendurar as chuteiras, mas a banda segue eterna enquanto um adolescente pegar uma guitarra para aprender os riffs de quase 50 anos de história.

* Guilherme Monsanto é jornalista e parceiro do Roque Reverso no Rio de Janeiro

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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