Topo

Três pesos pesados metal se divertem em clipe do Operation Mindcrime

Combate Rock

20/10/2016 07h00

Marcelo Moreira

Da esq. para a dir., Tim Owens, Geoff Tate e Blaze Bayley (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Da esq. para a dir., Tim Owens, Geoff Tate e Blaze Bayley (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Três grandes cantores que já viveram dias muito melhores, que já integraram bandas gigantes, e que tiveram de recomeçar do nada – e foram bem-sucedidos em seus novos trabalhos. Juntos, prometem iniciar um projeto que pode ser bem legal.

Geoff Tate (ex-Queensryche) brigou feio na Justiça norte-americana pelo nome da ex-banda, e chegou a criar a sua própria versão, o Geoff Tate's Queensryche, que lançou um CD, "The Key", e tocou no Brasil em 2013, no Monsters of Rock.

Após o fim da briga judicial, rebatizou sua banda como Operation Mindcrime, nome de uma das grandes obras do Queensryche, e acaba de lançar o CD "Ressurrection".

Tate teve uma boa ideia: convidar para cantar com ele em uma faixa do disco Blaze Bayley (ex-Iron Maiden) e Tim "Ripper" Owens (ex-Judas Priest). A música escolhida foi "Taking on the World", a melhor música do trabalho – os três cantam e estrelam o videoclipe apenas razoável.

Por vias tortas, Tate resgata uma iniciativa abortada em 2000. Na época, Rob Halford, a eterna voz do Judas Priest (então fora da banda), teve a ideia de criar o projeto "The Three Tremors" (os três tremores), uma versão pesada para "The Three Tenors" (os três tenores, projeto que reunião os cantores líricos Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras).

Operation Mindcrime (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Operation Mindcrime (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A ideia surgiu em uma conversa com o amigo Bruce Dickinson, que havia poucos meses retornara ao Iron Maiden. Para completar o trio, pensaram em Tate, então um amigo em comum. Houve até um início de negociações, mas as agendas não permitiram que o projeto avançasse.

Os três só conseguiram se reunir no palco uma única vez em um clube, Los Angeles, na época, durante um show de Halford no lançamento de seu primeiro álbum solo, também chamado "Ressurrection". Os três cantaram a música "The One You Love to Hate", dueto de Halford e Dickinson contido naquele CD.

A reunião de Tate, Bayley e Owens é uma ótima iniciativa porque os três cantam demais, e o ex-vocalista do Queensryche, que patrocinou o encontro, pretende retomar o projeto, segundo contou Blaze Bayley à revista Roadie Crew em entrevista publicada na edição de outubro (nº 213).

"Foi um projeto bacana, foi divertido cantar e gravar o clipe. A ideia era que nos encontrássemos para essa música e ver se a coisa rendia. Existe a possibilidade de acontecer algo mais", disse o ex-vocal do Iron Maiden.

E não é que o projeto está indo em frente, ao menos nos palcos? O trio anunciou as primeiras datas de uma miniturn~e pelos Estados Unidos em novembro.

tate

Se a iniciativa foi boa, e "Taking on the World" pode ser considerada a melhor música do CD do Operation Mindcrime, ficou a sensação de que o trio poderia ter aproveitando melhor a oportunidade – seja para cantar em outras faixas, seja para que, na música em questão, Bayley e Owens pudessem ter mais espaço. Quem brilha é Tate, claro, mas os convidados somente fazem vocais adicionais e cantam, cada um, um verso no meio da música.

Apesar de certa frustração, o encontro no álbum do Operation Mindcrime revelou que o projeto pode dar certo – e é raro que uma iniciativa desse porte ocorra no rock, reunindo três grandes artistas.

Em relação a "Ressurrection", o novo trabalho de Tate, o ex-integrante do Queensryche e sua banda ainda buscam uma identidade. O grupo repete os experimentos do álbum anterior que, por sua vez, repetia algumas das ideias dos dois últimos trabalhos do Queensryche com tate nos vocais: arranjos eletrônicos, climas densos, vocais falados, claustrofóbicos e melancólicos, com guitarras progressivas e com menos peso do que se esperava.

Capa de

Capa de "Ressurrection"

"Taking on the World" tem cara de single e pique necessário: é um heavy metal tradicional rápido, com guitarras pesadas e frenéticas, onde os três vocalistas mostram muita competência – e Blaze Bayley é nitidamente o mais empolgado, tanto no vídeo como no áudio.

"The Fight" e "A Smear Campaign" também são bons momentos, com as guitarras comandando as ações – pesadas e com muita intensidade, fornecem uma base impecável para que Tate surfe com propriedade, lembrando, em alguns pontos, os grandes momentos do Queensryche.

No geral, o restante do CD carece de peso, apesar das boas ideais e soluções encontradas para as progressivas "Live From My Machine" e "Which Side Your Soul". No entanto, aqui o trabalho de guitarras é burocrático e repetitivo, defeitos que podem ser encontrados também em "Into the Hands of the World".

Em sua essência, o trabalho do Operation Mindcrime não representa um avanço em relação a "The Key" – as ideias são cozinhadas do mesmo cesto, com pouca criatividade. Por enquanto, talvez a melhor solução seja investir forte na reunião com Owens e Bayley, ainda que a banda de Tate seja mantida como a base.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
Contato: contato@combaterock.com.br

Blog Combate Rock