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Adrian Belew vem ao Brasil para trazer uma pitada de King Crimson

Combate Rock

10/10/2016 07h00

Marcelo Moreira

Adrian Belew (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Adrian Belew (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O cidadão apareceu na sala de imprensa e não parecia que estava em turnê com um dos maiores artistas do rock. Era setembro de 1990 e David Bowie faria três concorridos shows em São Paulo.

De blazer claro e sorridente, o guitarrista Adrian Belew parecia saborear tudo ao seu redor – dos copos de água muito gelados, aos salgadinhos esquisitos em uma mesa e a barulheira danada feita por repórteres extasiados por terem a chance de ver Bowie de perto.

Eis que então um repórter mais velho, do tipo classic rock, abordou o cara alto, de blazer e que curtia aqueles momentos de celebridade, que estava perto da mesa principal.

Ao ouvir as palavras mágicas "King Crimson" o sorriso aumentou de tamanho, e o rápido papo exclusivo se tornou uma crônica daquele que pode ser considerado o ponto alto do norte-americano Belew, que também tinha currículo trabalhos com Frank Zappa e Laurie Anderson.

"Aquilo foi uma espécie de academia, doutorado, o que você quiser chamar. Desafio constante, criação em altíssimo nível, obsessão pela perfeição e resultados incomparáveis. É claro que sinto falta, foi período esfuziante e de crescimento constante", disse o guitarrista a respeito da segunda encarnação do King Crimson, que duraria de 1981 a 1985 com Belew nas guitarras e vocais, Robert Fripp nas guitarras, Tony Levin no baixo e stick e o grande baterista Bill Bruford (ex-Yes e UK), hoje aposentado.

A história, contada a este jornalista pelo excelente repórter que o abordou, vem a calhar por conta de um evento que está sendo pouco divulgado: vinte e seis anos depois de acompanhar David Bowie no Brasil, Belew, aos 66 anos de idade, retorna ao país para uma apresentação no Carioca Club, em São Paulo, no mês de novembro. Seu trio conta com o baterista Tobias Ralph e a baixista Julie Slick.

Adrian Belew tem cara de instrumentista clássico, mas é um dos grandes nerds do rock, exalando, de vez em quando, aquele ar de excentricidade que caracteriza músicos que não conseguem parar quietos – afinal, excêntricos atraem excêntricos, como nos casos de Frank Zappa e Robert Fripp, que não hesitaram em convocar o guitarrista para mirabolantes e intrincados projetos.

É o caso, por exemplo, da terceira encarnação do King Crimson, que voltou em 1993 com a formação dos anos 80, mas acrescida do percussionista Pat Mastelotto e do baixista Trey Gunn, outro adepto do stick, assim como Levin.

O experimentalismo foi levado às mais altas esferas no álbum da época, "Thrak", que rendeu uma bem-sucedida turnê mundial – que passou por Buenos Aires, na Argentina (onde foi gravado um álbum vivo) e, inexplicavelmente, não teve shows no Brasil.

Para quem gosta de rock progressivo, fica claro que Belew é bem mais do que somente o King Crimson, do qual se desligou oficialmente em 2008, quando Fripp, o líder, decidiu ressuscitar a banda parada desde 2003. No entanto, foi somente em 2012 que o grupo realmente deu sinal de vida novamente, com outra formação.

Adrian Belew Power Trio: Julie Slick, Belew e Tobias Ralph (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Adrian Belew Power Trio: Julie Slick, Belew e Tobias Ralph (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Considerado um dos gênios do instrumento, Belew começou a carreira como baterista no final dos anos 60, mas sempre demonstrou um talento absurdo para tocar qualquer coisa – já foi baixista e tecladista, além de aprender a tocar saxofone nos anos 90. Mas foi na guitarra que se encontrou.

"Aquela coisa que todo músico meio maluco diz – 'é somente desse jeito que consigo expressar  o som que está na minha cabeça' – é absolutamente verdadeira. E a guitarra é a melhor forma que encontrei para isso. As possibilidades melódicas são infinitas, e me permitem experimentar coisas inacreditáveis", disse o músico em uma entrevista a uma revista norte-americana nos anos 2000.

Após uma passagem por bandas que faziam tributo ao próprio King Crimson, Belew retomou a partir de 2010 a carreira solo, preferindo o formato de trio para que pudesse realçar seu trabalho inovador na guitarra.

Seu repertório atual tem coisas do Crimson, mas também resgata uma sonoridade mais pop que adotou em trabalhos dos anos 80, além do experimentalismo que adotou em seus mais recentes trabalhos.

Em um show realizado em Barcelona (Espanha), no começo do ano, foram nada menso do que seis músicas do Crimson, com destaques para "Three o a Perfect Pair" e "Heartbeat", além de "Young Lions", talvez a sua canção solo mais conhecida.

Com o retorno de Belew ao Brasil, mas agora com show próprio, finalmente teremos, ao vivo, algum resquício de show do King Crimson no Brasil – um dos grandes equívocos da banda e dos promotores locais é nunca terem trazido o grupo para cá.

Anos atrás, Robert Fripp tocou em três shows do G3 no Brasil. Mau humorado e com comunicação zero, subiu ao palco sozinho em São Paulo para abrir o evento e, infelizmente, foi pouco notado ao preferir uma apresentação dedicada à música experimental, privilegiando sons sintetizados e com base eletrônica. Quem veio depois, John Petrucci (Dream Theater) e Joe Satriani, acabou atropelando o veterano guitarrista.

adrianbelew

Serviço Adrian Belew 

Data: 27/11/2016 (Domingo)
Local: Carioca Club
Endereço: Rua Cardeal Arcoverde, 2899 -Pinheiros (próximo ao metrô Faria Lima)
Abertura da casa: 18h30
Início do show: 21h00
Classificação etária: 16 anos
14 e 15 anos: entrada permitida com responsável legal, mediante apresentação de documento
Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/303043743399856/
Ingressos 

Pista estudante: R$ 100,00
Pista promocional: R$ 100,00*
Pista Inteira: R$ 200,00
Camarote estudante: R$ 160,00
Camarote promocional: R$ 160,00*
Camarote Inteira; R$ 320,00
*O ingresso promocional antecipado é válido mediante a entrega de 1 kg de alimento não-perecível na entrada do evento.
Pontos de venda:
Carioca Club
Rua Cardeal Arcoverde, 2899 – Pinheiros
– Segunda/sábado: 12h00 às 20h00
– Sem taxa de conveniência
– Pagamento apenas em dinheiro
VENDA ONLINE
Clube do Ingresso – www.clubedoingresso.com
– Com taxa de conveniência
– Pagamento em cartão de crédito ou boleto
Mais pontos de venda com taxa de conveniência: http://www.clubedoingresso.com/ondecomprar

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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