Um dos maiores gaitistas da história, Toots Thielemans morre aos 94 anos
Marcelo Moreira
Era jazz, mas poderia ser qualquer coisa. O belga Toots Thielemans só não curtia muito o rock, mas, se precisasse, lá estava ele com sua gaita cromática pronto para ajudar – e engrandecer qualquer canção.
Muitos o comparam ao francês Sthéphane Grapelli, o ás do violino morto em 1997 que escolheu o jazz para se expressar, mas que era tão versátil que até mesmo o Pink Floyd requisitou os seus serviços, em 1974.
O gaitista Thielemans, que morreu nesta segunda-feira, aos 94 anos, em sua Bélgica natal, era capaz de passear tranquilamente pelo jazz, pelo blues e por uma gama inacreditável de gêneros da world music – não foi à toa que se apaixonou pela música brasileira.
De todos os instrumentistas europeus dedicados ao jazz, era o considerado o especialista em melodia. Seus fraseados bem elaborados e seu domínio completo do espectro harmônico o transformaram em um solista privilegiado, que ao mesmo tempo intrigavam e encantavam seus admiradores nos Estados Unidos.
Seus desempenhos em relação à música brasileira eram elogiados até mesmo por músicos pouco chegados ao jazz. Apaixonado por samba, chorinho e bossa nova, trabalhou com quase todos os maiores nomes nacionais – ficou famosa nos anos 70 uma apresentação ao vivo na TV brasileira onde o mestre da gaita cromática toca com Elis Regina – com quem fez o importante disco "Elis & Toots", em 1969, com canções como "Wave" e "Aquarerla do Brasil".
Também gravou com Astrud Gilberto e Sivuca. Na década de 1990, regravou clássicos da música brasileira no disco "The Brazil Project" (1992).
Toots Thielemans acompanhou pela Europa lendas do jazz como Charlie Parker, Ella Fitzgerald e Miles Davis, além de alguns nomes do blues. Suas atuações foram tão marcantes que lhe conferiram status de solista quando tocava com os gênios do outro lado do oceano Atlântico.
Curiosamente, Thielemans começou a tocar a gaita como um hobby e jamais pensou em se tornar um músico profissional. Outra curiosidade é que foi "contaminado" pelo vírus jazz durante a ocupação alemã, na II Guerra Mundial, justamente quando os nazistas tentavam, sme sucesso, proibir e repelir o gênero musical norte-americano.
O ponto alto de sua incipiente carreira no pós-guerra foi quando se juntou à turnê da orquestra do norte-americano Benny Goodman, na Europa, em 1950. Seu maior sucesso é "Bluesette", de 1962, conhecida pelo assovio e guitarra tocadas em uníssono – aliás, também era considerado um bom guitarrista, tendo recebido elogios de ninguém menos do que o compatriota Django Reinhardt, um dos mestres da guitarra cigana e jazzística da Europa.
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