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Catalau de volta à música? Vocalista do Golpe do Estado insinua que sim

Combate Rock

01/07/2016 18h17

Marcelo Moreira

Nova formação do Golpe de Estado (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Formação atual do Golpe de Estado: da esq. para a dir., Schevano, Fernandes, Pontes e Brito (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Quem esteve no Rock na Praça, evento gratuito realizado no último dia 26 de junho no centro de São Paulo – ao lado da Galeria do Rock -, teve a oportunidade de ver cinco bandas boas, e celebrar a consolidação da nova formação do Golpe de Estado, que fechou o evento.

E quem viu o novo episódio do "Broto Displicente", programa transmitido no YouTube, sobre o festival, deve ter percebido uma dica que a banda deu a respeito de uma grande surpresa ainda neste ano: a presença em algum empreendidmento do Golpe de um "misterioso homem de Deus". Seria um indicativo de que Catalau, o vocalista original, hoje pastro evangélico, poderia retornar ao rock?

O baixista Nelson Brito, o único remanescente da formação original, havia encerrado a trajetória da banda no começo de 2015, um ano depois da morte do guitarrista Hélcio Aguirra. Foram muito poucos shows com o guitarrista Tadeu Dias depois da tragédia, e o baixista demonstrava não ter mais ânimo para continuar.

A aposentadoria durou pouco. Convencido a ressuscitar o Golpe de Estado pelo amigo Rogério Fernandes, ex-vocalista da banda nos anos 90, Brito colocou a band ana estrada com nova formação: o baterista Robby Pontes permaneceu, mas agora dois músicos do Carro Bomba assumem as outras vagas: o próprio Fernandes nos vocais, substituindo Dino Linari, e Marcello Schevano nas guitarras.

O show no Rock na Praça foi muito bom, com o som do quarteto ficando mais pesado. A animação com o evento e com a boa performance foi tanta que o Fernandes se empolgou na entrevista à jornalista Vanessa Anchieta, do "Broto Displicente".

"Está sendo um ano  bem legal, a volta do Golpe de Estado é um dos grandes momentos do rock nacional e esperamos manter o pique e fazer coisas muito legais. Temos ótimso projetos para 2016 e, possivelmente, uma grande surpresa até o final do ano", disse o vocalista.

Vanessa não precisou forçar muito a barra para obter a declaração do empolgado Rogério Fernandes: "É uma surpesa, uma coisa bem legal. Vou dar uma dica em primeira mão para o 'Broto Displicente': periga ter o 'homem de Deus' cantando com a gente no segundo semestre…"

Catalau estaria reconsiderando a decisão de sumir do show business e fazer ao menos participações especiais com o Golpe de Estado?

O Combate Rock tentou por dois dias falar com o ex-vocalista da banda, mas não conseguiu entrar em contato, seja diretamente ou por meio de amigos e parentes.

Álbum

Álbum "Nem Polícia, Nem Bandidio", do Golpe de Estado, lançado em 1989. Catalau é o de baixo, à direita

Seja como for, Rogério Fernandes foi bastante efusivo ao comentar a "dica". Veja o vídeo, logo ao final do texto, por volta dos 15 minutos de duração.

Algum tipo de participão de Catalau seria coroar o aniversário de 30 anos do Golpe de Estado, talvez uma forma de amenizar um pouco a morte de Aguirra, um músico querido por todos dentro do rock nacional.

A banda surgiu em 1986 e logo se tornou referência de rock pesado em português no Brasil. Catalau, Aguirra, Brito e o baterista Paulo Zinner (durante muito tempo músico de apoio de Rita Lee) cresceram e fizeram um sucesso relativo com grandes músicas até 1992.

Expressivo, carismático e explosivo, Catalau encarnava o astro pop por excelência, como um Cazuza do underground do rock pesado, seja pelo coportamento às vezes escandaloso, seja em razão dos abusos na bebida e outras substâncias.

Quase dez anos de vida louca e na estrada cobraram o seu preço, e o cantor saiu da banda em 1995 em razão de desentendimentos e por conta dos excessos.

Fora da vida artística, chegou a pensar em uma carreira solo, mas o silêncio predominou. Anos depois, tornou-se pastor da Igreja Bola de Neve, conhecida por ter entre seus adeptos atletas de várias modalidades, em especial de epsortes radicais.

Antes de se tornar pastor de atletas, Catalau comentou em reportagem realizada pelo site Gospel Prime que viveu no mundo das drogas, sendo um viciado dos 12 aos 38 anos de idade. Segundo o texto, foi criado em uma família americana "muito liberal", e passou por tragédias familiares: perdeu uma irmã vítima de overdose e um irmão que morreude cirrose.

"E eu estava no mesmo caminho. Queria morrer, descansar. Tive várias internações psiquiátricas, fui preso", conta Catalau sobre os excessos do tempo de Golpe. Hoje morando em Boiçucanga, praia da cidade de São Sebastião, no litoral norte paulista, é conhecido como pastro André Catalau.

A reaparecimento de Catalau no rock, ainda que temporário e somente em um eventual show ou gravação, seria uma das notícias mais legais do rock nacional de 2016.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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