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Morre Scotty Moore, o primeiro guitarrista de Elvis Presley

Combate Rock

28/06/2016 23h29

Marcelo Moreira

Scotty Moore (esq.) e Elvis Presley nos anos 50 (FOTO: THE BUDDY HOLLY EDUCATIONAL FOUNDATION)

Scotty Moore (esq.) e Elvis Presley nos anos 50 (FOTO: REPRODUÇÃO/THE BUDDY HOLLY EDUCATIONAL FOUNDATION)

Nem todo mundo queria ser Elvis Presley. O rapaz baixinho e narigudo que empunhava uma guitarra, sempre coadjuvante do ídolo, foi o responsável pela decisão de encarrar a carreira musical de uma imensidão de músicos de toda uma geração dos dois lados do Atlântico na virada dos anos 50.

Scotty Moore era o pilar que sustentava Elvis e era ídolo de gente como os beatles John Lennon, George Harrison e Paul McCartney, além de ter a admiração do rolling stone Keith Richards. Aquele que provavelmente foi o primeiro herói da guitarra do rock morreu nesta terça-feira (28), aos 84 anos de idade, em sua casa, em Nashville, nos Estados Unidos

Ele e o baixista Bill Black formavam a banda original que acompanhava o rei do rock, os Blue Moon Boys, e esteve presente na primeira gravação de Elvis em Memphis, "That's Alright Mama", no Sun Studios, no dia 5 de julho de 1954.

Com sua pegada meio country, meio folk, Moore criou um padrão de som de guitarra que praticamente foi adotado por quase todos os músicos do rockabilly nos anos 50 – na verdade, Moore criou o rockabilly. Evitava o virtuosismo, mas fazia questão de mostrar que era um instrumentista técnico e criativo.

Mesmo com os problemas na carreira de Elvis Presley, como a interrupção para servir ao Exército, entre 19858 e 1960, e o novo direcionamento mais romântico-popular e menos rock, Moore seguiu ao lado do amigo e patrão por 14 anos. Somente em 1968 deixou o seu posto de principal músico de apoio do rei por conta de novos "rumos" musicais impostos pelos empresários.

Desnecessário dizer que, fora do rock e sem o bom e velho Scotty, Elvis não teve o mesmo sucesso, perdendo prestígio nos anos 70 e sendo até ridicularizado por jornalistas, apresentadores de TV e alguns aspirantes a astros.

Moore (esq.), Elvis (centro) e Bill Black (dir.) em Memphis, meados de 1955 (FOTO: O. WALKER/ARQUIVO PESSOAL/SCOTTYMOORE.NET)

Moore (esq.), Elvis (centro) e Bill Black (dir.) em Memphis, em julho de 1954 (FOTO: O. WALKER/ARQUIVO PESSOAL/SCOTTYMOORE.NET)

Após a separação, Moore praticamente não viu mais o ex-companheiro, mas seguiu tocando pelo interior dos Estados Unidos, engatando uma respeitada carreira no country e também no folk blues.

Sempre empunhando a sua guitarra Gibson Super 400, foi reverenciado por uma série de astros do rock entre os anos 70 e 80. Sua presença nso estúdios era disputada e seu timbre único e reconhecível de longe foi requisitado por gente como Ringo Starr (baterista dos Beatles), Carl Perkins (um dos pioneiros do rock e rival de Elvis no começo), Jeff Beck e Levon Helm (baterista da The Band), entre outros.

Keith Richards elogiou a influência de Moore em sua carreira e nas de tantos outros guitarristas em entrevistas e também em sua biografia, "Vida".

"Comecei em um violão, então eu ouvi Scotty Moore e eu fui elétrico. Ele abriu caminhos musicalmente na forma como ele trabalhou com (baixista) Bill Black, e Elvis, claro. Esse foi o pontapé de saída para mim e para um monte de caras", disse o stone.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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