Topo

Aos 74 anos, Paul Simon lança seu melhor álbum pós-Graceland

Maurício Gaia

25/06/2016 07h04

Maurício Gaia

Capa de

Capa de "Stranger to Stranger", de Paul Simon

Para muita gente, Paul Simon é aquele baixinho que segurava o violão ao lado de Art Garfunkel e compôs algumas baladas que marcaram os anos 70: "Bridge Over Troubled Water", The Boxer" ou "The Sound of Silence". Para outros, ele é o que colocou no mapa do mundo pop a música feita na África do Sul nos anos 80, com o estupendo "Graceland" (ouça no player abaixo, trecho do programa Combate Rock em que falamos sobre os 30 anos do lançamento deste álbum). E pouco mais que isso.

Mas um olhar detalhado sobre sua obra, seja quando ainda atuava com Art Garfunkel ou em carreira solo, revela um dos grandes compositores do século XX.

Depois dos álbuns "Graceland" e "Rhythm of The Saints", Simon enfrentou alguns fracassos comerciais, entre eles a encenação da peça musical "Capeman" – em que ele havia investido 11 milhões de dólares, além de compor as músicas e entrou em um período de escassa produção fonográfica.

Agora, cinco anos após o lançamento de "So Beautiful ou So What", Paul Simon nos traz "Stranger to Stranger".

Ao longo de 11 faixas, Paul Simon apresenta canções que trazem em suas letras um mix de choque e resiliência de um homem já experiente tentando entender (ou não) o tempo confuso que vivemos. Se há espaço para amargor, sempre há o escape para a ternura em seu discurso.

Do ponto de vista musical, as experiências musicais realizadas por ele ao longo da carreira não foram deixadas pra trás. Inspirado no trabalho do compositor e teórico musical Harry Partch, Simon lançou mão de alguns instrumentos pra lá de heterodoxos, como o Chromelodeon. Partch dizia que ao invés das 12 notas existentes em uma oitava, na verdade encontram-se 43 (!!!) e construiu instrumentos para explorar essas possibilidades. Além disso, foram acrescentados instrumentos africanos e sul-americanos.

Também Paul Simon contou com a colaboração do artista italiano Cristiano Cosci, que atua com o pseudônimo de Clap! Clap!. Ele adicionou efeitos eletrônicos em três faixas: "The Werewolf", "Stranger to Stranger" e "Wristband". O álbum também traz momentos de lirismo, como em "Insomniac's Lullaby", última faixa, em que canta "e lobos se transformam em cordeiros, nós somos quem nós somos, ou não, mas pelo menos, todos nós eventualmente adormecemos".

Ao contrário de muitos colegas de sua geração, que se dedicam a lançar trabalhos em que visitam o passado, como Eric Clapton e Bob Dylan, Simon mostra, aos 74 anos, que tem fôlego, talento e vontade para compor material novo, fazendo o melhor álbum desde "Graceland".

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
Contato: contato@combaterock.com.br

Blog Combate Rock