Edu Falaschi se arrisca em 'Moonlight', mas o bom resultado surpreende
Marcelo Moreira
Segurança e confiança costumam ser ingredientes infalíveis para o sucesso de qualquer empreitada, por mais dificuldades que surjam ou tenham surgido no percurso. O cantor Edu Falaschi sabe muito bem como os últimos anos não foram fáceis, incluindo o desgaste de sua participação no Angra, culminando na sua saída em 2012.
E foi justamente a ruptura com um dos grandes nomes do rock brasileiro que possibilitou a recuperação da confiança e aquisição de uma segurança invejáveis na condução de sua carreira após 2012, com a sua banda, o Almah, e seus projetos solo.
E a maior prova de que a sua saída do angra foi positiva é "Moonlight", seu primeiro CD solo, onde recria algumas de suas principais canções ao longo de 25 anos de carreira.
Na comemoração de um quarto de século de rock e de música, Falaschi foi corajoso e ousado, coisa que normalmente só um profissional confiante e seguro é capaz de ser em circunstâncias importantes e de mudança.
A audição do novo trabalho não é fácil para quem se acostumou à voz no prog metal do Angra e no heavy tradicional e moderno do Almah. As guitarras foram devidamente encostadas para dar espaço ao piano, o fio condutor das nove canções.
Esbarrando em arranjos de música erudita e com orquestrações belas e bem conduzidas, "Moonlight" é um álbum acústico e valoriza as sutilezas de canções que foram concebidas em conceitos completamente distintos e diferentes.
O videoclipe de "Nova Era", a música de sua época do Angra que abre o CD, dá o tom do trabalho. Com uma produção sóbria, mas elegante, Falaschi pisaa no freio e entrega uma interpretação doce e suave, secundado por um quarteto de cordas e o piano de Tiago Mineiro, e com a assinatura do maestro Adriano Machado.
"Rebirth", também do Angra, aprofunda o uso de cordas, com arranjos muito bem elaborados e uma linha melódica um pouco diferente, já que Mineiro mostra uma sensibilidade rara para músicos que não estão habituados a mergulhar no universo da música pesada.
"Arising and Thunder" e "Bleeding Heart", mais duas do Angra, seguem na mesma toada, com muita suavidade e uma empostação de voz mais firme na primeira, mas sem alterar o conceito do álbum.
O melhor trabalho, vocal, no entanto, fica reservado para a última música, "Heroes of Sand", outra do Angra, onde Falaschi resgata suas algumas de principais influências, de Freddie Mercury (Queen) a Geoff Tate (ex-Queensryche), passando por harmonias vocais à la Beatles e a cantores de jazz.
Aliás, Falaschi soa como Geoff Tate em alguns momentos variados do CD, como em "Angels and Demons" – o vocal delicado adotado pelo cantor lembra o ex-líder do Queensryche como no começo de "Silent Lucidity" e em algumas passagens de outras baladas daquela banda, como "Bridge" e "Someone Else".
A questão que provavelmente vão incomodar fãs do cantor e de rock pesado é que é um CD inteiro de baladas, com um acento folk muito forte e arranjos acústicos baseados no piano e em quarteto de cordas. É um álbum para ser degustado devagar e com atenção, já que há uma riqueza de detalhes e de sutilezas em praticamente todas as músicas.
O grande mérito de "Moonlight" é explicitar a versatilidade de um artista que caiu de cabeça em um projeto audacioso e surpreendente, ainda que, em alguns momentos, soe repetitivo e um pouco cansativo.
É um trabalho de extremo bom gosto e de qualidade musical bem acima da média do que estamos acostumados, mas não será fácil capturar a atenção dos aficionados por rock pesado na primeira audição.
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