Nova música do Radiohead aponta para o passado
Maurício Gaia
Radiohead é uma banda de trajetória curiosa. Em seus primeiros álbuns, trazia uma mistura do pós-punk inglês com o grunge americano. Assim construiu sua fama, tendo embaixo do braço hits poderosos como "Creep" ou "Fake Plastic Trees".
Ao longo de sua carreira, foi se distanciando do formato tradicional de canção e aprofundando em experimentalismos, incorporando elementos de jazz, música eletrônica e krautrock. Também deixou a EMI e se tornou uma banda independente. Lançou um álbum pela internet, onde os fãs poderiam pagar (ou não) a quantia que bem entendessem. Ao contrário que qualquer executivo da industria fonográfica diria, a relevância deles apenas cresceu (assim como faturamento).
Depois de um álbum "estranho", "The King of Limbs", com nenhuma música adequada a tocar no rádio, e um longo silêncio, Radiohead está de volta. Com apoio de uma campanha em que apagou toda sua presença digital (site, contas em redes sociais, incluindo contas "fakes"), a banda lançou o vídeo do single "Burn The Witch", que estará em seu próximo álbum, sem data de lançamento anunciada.
A canção indica uma volta ao passado, mas guarda dentro de sua estrutura todos os experimentos realizados desde "Kid A". A presença das cordas no arranjo lembra muito o Echo & The Bunnymen de "Ocean Rain" e a música tem uma melodia bem assobiável, que cabe perfeitamente nas emissoras de rádio. Mas não se engane, todas as timbragens e texturas que empurram a banda para a prateleira do post-rock no século XXI estão ali também.
O vídeo, embora explore animação stop motion com bonecos que remetem a um programa infantil inglês dos anos 60, tem um roteiro sombrio, muito adequado aos tempos de hoje, em que questões como violência a minorias, imigrantes e outros grupos sociais/étnicos acabam sendo abordados também por outros artistas. "Queimem a bruxa, nós sabemos onde você mora", canta Thom Yorke. Apropriadíssimo aos nossos dias.
É difícil dizer o que virá com este novo álbum. Mas Radiohead é das raras bandas que, para quem quer entender música neste século, está além do binômio empobrecedor "gosto/não gosto": é obrigatório acompanhar.
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