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A improvável união de Steve Hackett e Steve Howe completa 30 anos

Combate Rock

12/02/2016 07h00

Marcelo Moreira

gtr

Um clássico do rock progressivo muito pouco lembrado completa 30 anos de seu lançamento. Era para ser mais um supergrupo, em uma época que esse tipo de associação tinha voltado a ser moda – na mesma época, dois gigantes, o guitarrista Jimmy Page (ex-Led Zeppelin) e o vocalista Paul Rodgers (ex-Free e Bad Company) tinham criado a banda The Firm, de curta duração.

Alguém lembra do GTR? Há 30 anos, dois gigantes do rock progressivo se uniram após alguns fracassados projetos no começo dos anos 80 para aquele que deveria ser um dos maiores supergrupos. A expectativa era muito grande, e o naufrágio ocorreu rápido demais.

O GTR foi a união dos guitarristas Steve Howe (Yes) e Steve Hackett (Genesis). A ideia foi de Howe, que era apenas um conhecido de Hackett.

Surpreendentemente, o ex-Genesis topou e a banda surgiu em 1985 – recentemente, o único trabalho do grupo foi relançado na Europa em uma edição de luxo, com CD bônus e livreto de qualidade.

Howe ainda não tinha digerido muito bem o retorno do Yes em 1983, em formato mais pop e comercial – Jon Anderson (vocais) e Chris Squire (baixo) nem pensaram em convidá-lo para o que seria "90125", megassucesso daquele ano, preferindo apostar no jovem prodígio sul-africano Trevor Rabin como guitarrista.

Também andava insatisfeito com o Asia, que havia formado com John Wetton (baixo, ex-King Crimson e Uriah Heep) e Geoff Downes (teclados, ex-Yes). A queixa era de que o som estava comercial demais.

Hackett, por sua vez, ia bem com sua carreira solo desde que saíra do Genesis, em 1977, mas sentia falta de mais aventura, ou seja, de voltar a fazer uma música mais forte, instigante e, por que não, mais pesada. Howe também queria isso.

"GTR", um acrônimo de guitar, em inglês, foi o nome escolhido para o álbum e também nomeou a banda. O então LP foi lançado em meados de 1986 diante de muita expectativa, mas a decepção foi grande com os resultados.

Tudo estava certinho, com um bom cantor (Max Bacon) e uma cozinha supertalentosa – Phil Spaulding no baixo e Jonathan Mover na bateria. O som tinha peso, força e qualidade, além de muito virtuosismo.

Só que não deu certo. Faltou um grande hit e mais carisma entre os integrantes, em especial ao correto mas pouco cativante Bacon. Houve uma turnê norte-americana e alguns shows na Europa, mas o entusiasmo do público foi zero. O álbum vendeu pouco, os shows não lotaram e o desânimo logo implodiu o grupo.

E eis que a Cherry Red Records, selo e gravadora ingleses, decidiu reeditar o álbum em uma edição de luxo para comemorar os 30 anos de criação da banda.

O CD relançado no finalzinho do ano passado é duplo, com o álbum original acrescido de três bônus chochos (versões diferentes de músicas do álbum).

O melhor, no entanto, é o segundo CD, trazendo um show gravado em Los Angeles em julho de 1986. Na lista de músicas, algumas do álbum e clássicos do Yes e do Genesis.

"GTR" é apenas raozável, com uma saudável disputa de egos e solos entre Hackett e Howe, mas não há nenhuma canção memorável.

Os destaques vão para as duas primeiras, "When the Heart Rules the Mind" e "The Hunter", e a interessante "Jakyll and Hyde". Ainda assim, não tinha como estourar – músicas boas, corretas, mas só, sem nenhum diferencial.

A versão 2015 vale pelo show contido no segundo CD, onde a banda mostra qualidade e competência, com empolgação e entusiasmo que faltaram no álbum de inéditas. Vale como uma curiosade, mas com qualidade.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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