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Billy Gibbons sai da sombra do ZZ Top com blues e muita latinidade

Combate Rock

01/12/2015 07h00

Marcelo Moreira

Billy Gibbons (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Billy Gibbons (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Saem o chapéu de cowboy e os óculos escuros, entra o gorro de malandragem do bem. A longa barba, no entanto, permanece. Billy Gibbons, 65 anos, guitarrista e vocalista do extraordinário ZZ Top, decidiu ousar em seu novo trabalho solo, ainda que o essencial não tenha sido alterado.

"Perfectamundo" é o recém-lançado álbum do músico com sua banda de apoio, os BFG's, aprofunda uma tendência dos últimos trabalhos do ZZ Top, a presença de elementos de música latina e letras em espanhol.

A guitarra é o fio condutor de todo o trabalho, embora não predomine o tempo todo justamente pela presença de elementos eletrônicos, percussão caribenha, latina e afro-americana, tudo embalado em um blues moderno, rhythm and blues e até hip hop.

O resultado é bastante irregular, mas não invalida a tentativa de Gibbons. Não se trata de uma iniciativa explícita de fugir do som mais padronizado e reto do ZZ Top.

O tratamento dado ao clássico "Got Love If You Want It", de Slim Harpo, mostrou criatividade e extremo talento, enquanto que em "Treat Her Right", de Roy Head, o resultado não foi bom.

O ponto alto é o vocal grave e rouco de Gibbons, que casou bem com a cama de órgão Hammond B3 em algumas músicas, assim como o ótimo trabalho de percussão latina, em especial na interessante "Sal Y Pimiento".

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O peso das guitarras ganha espaço na suingada "You're What's Happening, Baby" e em uma interessante versão para "Baby Please Don't Go", com ótimo solo.

As espanholices e latinices mais ousadas surgem em "Hombre Sin Nombre", "Quiero Mas Dinero" e "Piedras Negras", com resultados variados – causam estranheza, mesmo com arranjos de extremo bom gosto. A ousadia aqui atinge o auge, misturando aspereza e leveza.

Billy Gibbons é um gigante do rock norte-americano e tem crédito suficiente para embarcar em uma aventura sonora mais diversificada.

Ainda que a mistureba cause certo incômodo, com o blues sendo sobrepujado em alguns momentos, "Perfectamundo" merece atenção pela coragem de um artista em ousar em um mercado aparentemente estagnado e desertificado de novas ideias.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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