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Van Halen encerra turnê mostrando vigor e empolgação

Combate Rock

09/10/2015 07h00

Eduardo Kaneco – especial para o Combate Rock, de Los Angeles (EUA)

Van Halen no Hollywood Bowl, em Los Angeles (FOTO: EDUARDO KANECO

Van Halen no Hollywood Bowl, em Los Angeles (FOTO: EDUARDO KANECO

O histórico Hollywood Bowl, em Los Angeles, foi o palco escolhido pelo Van Halen para encerrar sua turnê norte americana de verão e outono de 2015, iniciada em julho. Na última sexta-feira, 2 de outubro, aconteceu o primeiro show das duas noites agendadas.

Inaugurado em 1922, o Hollywood Bowl é surpreendentemente moderno, oferecendo escadas rolantes, muitas lojas e restaurantes aos visitantes, além de várias telas de led exibindo futuras atrações e até transmitindo ao vivo o show de abertura (de Kenny Wayne Shepherd Band, como em toda a turnê). Tudo isso resultando num eficiente sistema para a entrada e a saída do público.

Nessa tour, o Van Halen deixou de lado o gigantismo do arena rock, concentrando as apresentações nas performances dos músicos e em apenas alguns jogos de luzes e uma tela de lâmpadas amarelas no fundo do palco.

Por isso, a abertura do show aturdiu a plateia ao trazer apenas o baterista Alex Van Halen atacando seus bumbos e pratos e o restante da banda entrando logo em seguida. Era "Light Up The Sky", que encontrou um público ainda morno, de pé, mas estático, sem ainda cantar junto as letras.

A agitação começou mesmo só com "Everybody Wants Some!", após "Runnin' With The Devil" e "Romeo Delight" esquentarem aos poucos os presentes. Dave Lee Roth trocava alguma peça de figurino quase que a cada música, o que se tornou uma constante durante toda a apresentação. E, nisso, usou blazer com brilho, boné, agasalho com capa, lenços, enfim tudo o que a imaginação do elétrico vocalista sugeriu.

Nesta noite, "She's The Woman" foi a única canção do último disco do Van Halen, "A Different Kind Of Truth". Apesar de já se completarem três anos desde seu lançamento, a recepção do público foi fria para a música, quase ninguém agitando durante sua execução.

No início da turnê, "China Town", do mesmo disco, também estava no set list, mas tanto essa quanto "In a Simple Rhyme", do "Women And Children First" (1980), foram limadas do repertório, sem serem substituídas, o que deixou o show com menos de duas horas de duração.

Em seu momento solo, o baterista Alex Van Halen emprega samplers para acompanhar os ritmos, ideia iniciada com os pioneiros Cozy Powell e Neil Peart, e hoje empregada por muitos. A técnica apurada de AVH, como mostrada nesse momento, desafia os ouvidos para se entender o que ele está tocando.

Edward Van Halen estava bem solto e se movimentando bastante, tomando a frente do palco em alguns momentos, como em "Little Guitars". Ele e Lee Roth repetiram algumas de suas posturas clássicas.

O guitarrista pulou de lado com as pernas chutando para frente e para trás, marcou o tempo com o pé esquerdo enquanto tocava e empunhou seu instrumento com o braço da guitarra voltado para cima. O vocalista abriu as pernas em espacate, chutou o ar e saltou para o alto abrindo as pernas.

Lee Roth alongou bastante a duração de "Dance The Night Away", ao contar piadas, chamar a banda para tocar uma rumba, ensinar passos de dança e, ainda, tirar um sarro da posição de "double  Jesus" de Bono, do U2.

Depois, ainda sentaria numa cadeira, para tocar gaita e contar histórias da Sunset Strip, região de Los Angeles, onde a banda tocou muitas vezes no início da carreira. Nem todos da plateia curtiram esses momentos, mas os que reclamaram eram uma minoria. De qualquer forma, o vocalista pôde mostrar seu talento ao cantar "Ice Cream Man" ao estilo Elvis Presley.

David Lee Roth (FOTO: EDUARDO KANECO)

David Lee Roth (FOTO: EDUARDO KANECO)

A banda apresentou "Women In Love" sutilmente mais lenta e com mais groove. E um funkeado saiu das mãos de Wolfgang Van Halen em "Sinner's Swing", quando o baixo estava mais alto do que no restante do show. Wolfgang, filho de Eddie Van Halen, possui a forma física do ex-integrante Michael Anthony, mas entusiasmo bem menor.

O palco, com estrutura em forma de concha, estrategicamente refletia as luzes do palco, em belo efeito, e, com as cadeiras em inclinação de anfiteatro, proporcionava uma acústica perfeita, ainda mais considerando que era ao ar livre.

O ponto alto do show, inegavelmente, é o solo do revolucionário guitarrista Eddie Van Halen. Não é à toa que ele está posicionado três músicas antes do final do espetáculo. São mais de dez minutos de sucessivas demonstrações de habilidade e criatividade do genial EVH. Um momento sublime e venerado pela plateia com respeito e admiração.

A sequência final traz três hits: "You Really Got Me", "Panama" e "Jump", uma seguida da outra, sem aquela tradicional parada antes de um pretenso bis surpresa. Mas, ninguém do público parecia se importar com isso – o espetáculo em si já havia surpreendido, provando a força das atuais apresentações com essa formação.

Assim como o próprio Dave Lee Roth afirmou, durante o show, que os melhores momentos da vida dele ele passou no palco ao lado de Eddie Van Halen, muitos dos presentes podem afirmar que esse momento especial foi assistir o Van Halen ao vivo.

Set list:

1             Light Up the Sky

2             Runnin' With the Devil

3             Romeo Delight

4             Everybody Wants Some!!

5             Drop Dead Legs

6             Feel Your Love Tonight

7             Somebody Get Me a Doctor

8             She's the Woman

9             I'll Wait

10           Drum Solo

11           Little Guitars

12           Dance the Night Away

13           Beautiful Girls

14           Women in Love

15           Hot for Teacher

16           Dirty Movies

17           Ice Cream Man

18           Unchained

19           Ain't Talkin' 'Bout Love

20           Guitar Solo

21           You Really Got Me

22           Panama

23           Jump

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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