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Stevie Ray Vaughan, 25 anos depois: uma revolução na guitarra blues

Combate Rock

27/08/2015 14h57

Marcelo Moreira

O guitarrista Eric Clapton costuma dizer que, quando tocava ao lado do texano Stevie Ray Vaughan, ficava muito preocupado, já que era impossível acompanhar e entender o que o mágico guitarrista de blues fazia, graças à genialidade e ao virtuosismo. Para Clapton e para a lenda do blues Buddy Guy, ninguém chegou tão perto de Jimi Hendrix como Stevie Ray.

Com sua banda de apoio, a Double Trouble – Tommy Shannon (baixo), Chris Layton (bateria) e Reese Wynans (teclados) -, Stevie Ray Vaughan passou como um furacão nos anos 80, revolucionando o jeito de tocar guitarra e resgatando o blues de mais um período de estagnação.

Foram apenas cinco álbuns de estúdio e um ao vivo, além de três vídeos obrigatórios. Apesar da genialidade, começou gravar tarde, e lançou seu primeiro álbum, "Texas Flood", em 1983, aos 29 anos de idade.

Este ano completam-se 25 anos da morte daquele que revolucionou o blues nos anos 80, vítima de um acidente de helicóptero. Assim como em datas que relembram o acidente, o mercado recebe uma dose de lançamentos com raridades e shows perdidos e o relançamento de toda a sua discografia, como ocorreu no ano passado com "The Complete Epic Recordings", luxuosa caisa com  toda a sua obra.

FOTO: DIVULGAÇÃO

FOTO: DIVULGAÇÃO

Stevie começou a chamar a atenção de verdade nos Estados Unidos em 1980, com várias apresentações bombásticas transmitidas pelo rádio. A Double Trouble agora tinha novo baixista, Tommy Shannon, que foi por anos escudeiro de outra lenda texana, Johnny Winter.

Com Chris Layton na bateria e Shannon no lugar do apenas correto Jack Nieuhouse, Vaughan ascendeu rápido e virou nome cobiçado em festivais dos Estados Unidos e no Canadá.

A fama o levou para o Festival de Jazz de Montreux pela primeira vez em 1982. Tocou no palco secundário (como se fosse uma espécie de "comedoria", nos Sescs brasileiros) para pouca gente. Surpreendentemente, foi vaiado por fazer releituras mais modernas e roqueiras de clássicos do blues.

Só que tinha um certo artista bebendo água com gás e, mais tarde, uísque com soda no fundo, meio disfarçado. David Bowie ficou hipnotizado pela performance maravilhosa e pela forma de ataque na guitarra, fazendo blues e rock ao mesmo tempo.

Já mergulhando de cabeça nos excessos, o guitarrista praticamente nem viu como se deu o convite e o acordo para que participasse do próximo álbum de Bowie, que viria a ser "Let's Dance".

Foram várias sessões de ensaios entre os dois e a banda de Bowie em Dallas no começo de 1983, mas parceria não durou muito, graças à insatisfação de Vaughan com o direcionamento musical. Quase nada se percebe da guitarra blueseira de Stevie em "Let's Dance".

Entre 1983 e 1985 sua carreira estourou e decolou, graças ao excelente álbum "Texas Flood", de 1983. Virou astro mundial, especialmente depois de sua volta triunfal a Montreux, desta vez no palco principal.

Queda, renascimento e morte

Entretanto, foi mais de uma vez ao fundo do poço nos excessos do álcool e das drogas, foram várias as internações para reabilitação, mas os mergulhos no inferno foram proporcionais às vezes em que atingiu o topo como músico, ganhando a veneração de gente como Santana, Clapton, Buddy Guy, Albert King, Jeff Beck e muitos outros gênios.

Em agosto fará 25 anos que o helicóptero em que viajava caiu no Estado de Winsconsin, nos Estados Unidos. Steve Ray Vaughan participava de um festival de blues na cidade de East Troy ao lado do irmão Jimmie Vaughan, de Eric Clapton e Robert Cray.

Durante a madrugada de 27 de agosto, após o show, vários helicópteros foram colocados à disposição de músicos e técnicos para retornar ao aeroporto mais próximo. Não se sabe o porquê, mas Stevie queria porque queria voltar mais cedo para o aeroporto e ir para casa.

Diante de tanta insistência, conseguiu um lugar na aeronave que levaria parte da equipe de palco de Eric Clapton – que também deveria estar no voo, mas desistiu à última hora de embarcar porque tinha mais gente querendo ir embora mais cedo.

Por volta de 1h daquela madrugada, três helicópteros decolaram sob intenso nevoeiro. Só dois chegaram ao aeródromo. Um deles, o que levava Stevie Ray Vaughan, chocou-se contra uma montanha nas proximidades de East Troy.

Morto aos 36 anos de idade, não chega a ser tão cultuado como Hendrix, mas é venerado dentro meio musical. Deveria tocar em um festival de blues em Ribeirão Preto em setembro de 1990, embora ainda não tivesse assinado o contrato.


Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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