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Ringo Starr faz 75 anos e ainda é o maior sobrevivente de todos

Combate Rock

07/07/2015 08h27

Marcelo Moreira

FOTO: DIVULGAÇÃO

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Richard Starkey completa 75 anos de idade hoje. Muitos dizem que keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, é o maior sobrevivente do rock por conta dos excessos de todos os tipos em mais de 50 anos. Starkey no mínimo se iguala ao stone: provavelmente é o maior sobrevivente.

Ostentando o nome artístico de Ringo Starr desde que tocava em Liverpool com a banda Rory Storm and the Hurricanes entre 1960 e 1962, quase recusou o convite de um grupo conhecido na cidade pela energia e pelo repertório mais variado. É que os Beatles pagavam menos por semana do que Rory.

Ringo já conhecia o então quinteto de John Lennon nos botecos da cidade de Liverpool e também das temporadass em que as duas bandas fizeram em Hamburgo, na Alemanha, em 1961 e 1962.

Nunca ficou impressionado com os Beatles, mas eles tinham algo a mais quando o convidaram para substituir Pete Best, em julho de 1962. Eram mais novos, tinham empresário e um objetivo claro. Topou ganhar um pouco menos, e acabou como o baterista da melhor e mais importante banda d erock de todos os tempos.

Esqueça a falácia de que Ringo Starr era um baterista fraco ou limitado. Para tocar com os melhores, não poderia ser fraco ou limitado. Simples assim. Ele e Charlie Watts, dos Rolling Stones, estabeleceram padrões muito elevados dentro do pop com suas levadas precisas e marcações rigorosas. Tornaram-se a referência para todos desde que surgiram.

Apesar de ótimo baterista, sofreu bastante por se sentir sempre como o "novo integrante" dos Beatles mesmo quando já tinha gravado vários álbuns com a banda. Participava dos processo criativos que não envolviam composição, seu voto tinha peso nas decisões musicais e administrativas do grupo, mas percebia que era sempre conduzido, o que não era necessariamente ruim, concluiu.

O problema é que os Beatles acabaram cedo demais, antes do que todo mundo previa. Como artista solo, evidentemente, ele sairia em desvantagem em relação a Paul McCartney, John Lennon e George Harrison, seus companheiros de banda e compositores extraordinários – tanto que frequentemente contribuíam com músicas para os fracos álbuns de Starr nos anos 70 e 80.

Bom baterista, mas compositor bastante limitado e frontman de poucos recursos, teve carreira solo bem discreta e com poucos momentos bem-sucedidos. Sem rumo, virou playboy e milionário extravagante, além de mau ator no cinema norte-americano. Mergulhou fundo nas droga e no álcool por mais de 20 anos, até que conseguiu emergir do limbo após uma reabilitação rigorosa. Desde 1990 nunca mais passou perto de bebidas.

Sua queda ao fundo do poço foi tão apavorante que muitos amigos temiam que não se recuperasse e que partisse para o suicídio. A ressurreição foi como um segundo nascimento para o beatle menos dotado de talento para a composição, canto e administração da carreira. Ainda confortável financeiramente, teve participação decisiva no projeto "Anthology", que reuniu os beatles sobreviventes nos anos 90 para reavaliar a carreira da banda e terminar canções deixadas por Lennon.

Ringo é um dos grandes sobreviventes do rock, e continua se divertindo com a a sua All-Starr Band – que veio ao Brasil no ano passado recheada de astros do passado. É o mais velho astro do rock do primeiro escalão de músicos do gênero – da geração que explodiu nos anos 60 – só perde para John Mayall, o bluesman britânico por excelência (82 anos) e Bill Wyman, ex-baixista dos Stones (79) e Ginger Baker, ex-baterista do Cream (76).

Ringo Starr é um astro de primeira grandeza e um instrumentista influente, que conseguiu sobreviver aos fantasmas do vício e da fama, deixando para trás gente como Keith Moon (The Who), John Bonham (Led Zeppelin), Jim Morrison (The Doors), Jimi Hendrix, Brian Jones (Rolling Stones), Harry Nilsson e muitos outros amigos que ficaram pelo caminho. Não é pouca coisa.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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