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Música para ver: festival In-Edit traz filmes sobre Hendrix, Who e Dylan

Combate Rock

01/07/2015 07h04

Marcelo Moreira

Jimi Hendrix, The Who, James Brown, Beatles e mais um monte de filmes legais, um atrás do outro, no mesmo dia, na mesma semana. É o que promete a sétima edição do In-Edit Brasil – Festival Internacional de Documentários Musicais, que ocorre em São Paulo entre 1º e 12 de julho, e depois entre 14 e 17 de julho em Salvador.

São mais de 60 documentários neste ano, com a mesma diversificação de temas e estilos que marcam a história do festival. O homenageado deste ano é Murray Lerner, que terá cinco de suas fitas exibidas em São Paulo, entre elas as que retratam Bob Dylan e Jimi Hendrix.

Os três mais importantes filmes em exibição são de Lerner:  "The Other Side of the Mirror: Bob Dylan at the Newport Folk Festival", "Listening to You: The Who at the Isle of Wight 1970" e "Blue Wild Angel: Jimi Hendrix Live at the Isle of Wight 1970". 

Todos são emblemáticos: Bob Dylan aparece empunhando uma guitarra elétrica em 1965, já se afastando do folk puro; The Who no auge da carreira, ficando cada vez mais pesado e expandindo os horizontes com a ópera-rock "Tommy"; e a derradeira apresentação de Jimi Hendrix, que morreria duas semanas depois.

Jimi Hendrix e a 'extensão de seu corpo' (FOTO: DIVULGAÇÃO/REPRODUÇÃO)

Jimi Hendrix e a 'extensão de seu corpo' (FOTO: DIVULGAÇÃO/REPRODUÇÃO)

Documentarista dos mais aclamados, o norte-americano Lerner costuma dizer que não se importa muito com a cronologia dos shows e dos artistas que filma. O que interessa são as impressões que colhe com sua câmera e os sentimentos que consegue passar para o público:

"É como se eu fosse um membro do banda ou da equipe do artista, e a câmera fosse meu instrumento musical", disse o cineasta recentemente em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Especificamente sobre rock, há outras coisas bem interessantes, como "B-Movie: Lust & Sound in West-Berlin 1979-1989", de Jörg A. Hoppe, Heiko Lange e Klaus Maeck.

A fita alemã retrata a vida e o trabalho do inglês Mark Reeder, que decide ir a Berlim Ocidental em plena ressaca Punk de 1979. Durante anos, realizou todo tipo de trabalho no mundo musical: tocou em bandas, foi manager de outras, representante de um selo e esteve onde e com quem quis.

"Basically, Johnny Moped", de Fred Burns, retrata o músico punk inglês Johnny Moped, um cara estranho que fez fama em pela  efervescência punk.

Ele não aparecia nos shows, casou-se com uma mulher muito mais velha do que ele, tinha a obsessão de viver no limite com seu estilo de vida, só que morria de medo de sua sogra. Com tudo isso, sua banda – que teve Chrissie Haynde (The Pretenders) e Captain Sensible (The Damned) em seu início – teve um sucesso efêmero, mas marcou uma época.

Outra boa opção é "Heaven Adores You", de Nickolas Rossi, sobre Elliot Smith, um compositor norte-americano que era muito esquisito. Propenso à depressão e solidão, acabou sendo catapultado para a fama, ao ser indicado ao Oscar de melhor canção original com o filme "Gênio Indomável". Conhecido como um dos maiores talentos de sua geração, Smith morreu aos 34 anos, provavelmente por suicídio (a autópsia não é conclusiva).

O mundo punk e pós-punk é revisitado por mais duas fitas. "The Damned: Don't You Wish That We Were Dead", de Wes Orshoski (diretor de "Lemmy"), traça um panorama da carreira do grupo inglês The Damned, pioneiro do movimento punk.

Para falar deles, Chrissie Hynde, Mick Jones, Lemmy, membros do Pink Floyd, Black Flag, Guns' N' Roses , Sex Pistols, Blondie, Buzzcocks e muitos mais.

The Who em foto promocional da turnê norte-americana de 1975: da esq. para a dir., Keith Moon (bateria), Pete Townshend (guitarra), Roger Daltrey (vocais) e John Entwistle (baixo) (FOTO: DIVULGAÇÃO)

 The Who  (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Já "The Death & Resurrection Show", de Shaun Pettigrew, tem como foco o Killing Joke, retratando com detalhes seus líderes, Paul Ferguson e Jaz Coleman, que se uniram por "repulsão mútua" e amor ao ocultismo. Com canções que faziam alusão a rituais obscuros e transformando seus shows em sessões espirituais, a banda rapidamente influenciou várias gerações.

"Super Duper Alice Cooper", de Reginald Harkema, Scot McFadyen e Sam Dunn, é um documentário que esmiúça a carreira de Alice Cooper de forma cronológica e bem fundamentada, mas que enfoca o processo de criação do personagem e das músicas.

Fora do rock, merecem menção dois trabalhos: "Jaco", que é dirigido por Paul Marchand e Stephen Kijak e produzido por Robert Trujillo (Metallica). O filme conta a história de Jaco Pastorius, que se considerava o melhor baixista do mundo – fato que tem a concordância de quase todo mundo que entende de música e, principalmente, de jazz.

A fita traz entrevistas de instrumentistas como Flea (Red Hot Chili Peppers), Sting (The Police), Bootsy Collins, Geddy Lee (rush), Carlos Santana, seus parceiros de Weather Report e muitos outros.

Finalmente, "Mr. Dynamite: The Rise of James Brown", de Alex Gibney, resgata a história do maior nome da soul music, em um trabalho que foi produzido e financiado por Mick Jagger e que traz o início de sua carreira até seu envolvimento com a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, com entrevistas e imagens inéditas.

Serviço
IN-EDIT BRASIL – 7º Festival Internacional do Documentário Musical
Data: 1 a 12 de julho.
Salas: CineSesc, Cinemateca Brasileira, Cine Olido, Centro Cultural São Paulo (CCSP, Sala Paulo Emilio Sales Gomes) e Matilha Cultural.
Veja a programação completa do festival: http://www.in-edit-brasil.com/
Ingressos:
CineSesc – R$ 12, R$ 6, R$ 3,50
Cine Olido – R$ 1 ou R$ 0,50
Centro Cultural São Paulo – R$ 1, R$ 0,50
Matilha Cultural – Gratuito Cinemateca  Brasileira – Gratuito

 

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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