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Kurt Cobain é um personagem maior que seu documentário

Maurício Gaia

19/06/2015 18h22

O filme "The Montage of Heck", documentário sobre Kurt Cobain, estreou ontem nos cinemas brasileiros e é possível dizer: o ex-líder do Nirvana, que suicidou-se em 1994, é muito maior que o filme.

Produzido por sua filha Frances Bean Cobain, o filme tem como triunfo uma série de imagens domésticas onde mostra a família Cobain (Kurt, Courtney Love e o bebê Frances) em sua intimidade. Talvez aí também resida sua maior fraqueza, pois em vários momentos, resvala no sentimentalismo e pieguice.

150320-kurt-cobain-montage-of-heck-300 Cobain era um homem perturbado, claramente não preparado psicologicamente para a vida de excessos que a fama lhe proporcionou. Não deixa de ser curioso lembrar que, durante passagem pelo Brasil (que também é retratada no filme, na insana performance feita no Hollywood Rock em 1993, no Maracanã), Kurt fez questão de deixar uma mensagem para Arnaldo Baptista, outro artista que também sucumbiu psicologicamente aos excessos causados pelas drogas e a fama nos anos 70.

Com depoimentos de familiares, de uma ex-namorada, do ex-companheiro Kris Novoselic e, finalmente, de Courtney Love, o diretor Brett Morgen constrói um painel de um homem que, para suportar a dor, infligia-se uma dor ainda maior.

O filme não é imune à polêmicas: Buzz Osborne, líder dos Melvins, acusou o filme de aceitar acriticamente a versão de Courtney Love sobre seu relacionamento com Kurt, além de apresentar um personagem muito distante do que foi realmente. Partindo-se do princípio que ela forneceu muitas das imagens presentes, não é de se duvidar que "The Montage Of Heck" só foi realizado por ser uma "cinebiografia autorizada".

Noves fora zero,"The Montage of Heck" acaba resultando inferior ao documentário feito em 2006, "About a Son", também sobre o ex-líder do Nirvana, dirigido por A.J. Schnack.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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