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Duas Samaras e uma Marise - as meninas estão com tudo no rock

Combate Rock

27/04/2015 06h40

Marcelo Moreira

Duas Samaras e uma Marise, furiosas e dispostas a chutar as portas, aindam a que não abram na primeira pancada. Se o mercado roqueiro nacional anda parado no que se refere a hits e bandas ganhando destaque, no underground ele fervilha, e as meninas estão na frente.

Klatu, Radioativas e Far From Alaska puxaram a fila em 2013 e 2014, mas tem gente que quer entrar no baile. De Rondônia surge uma artista surpreendente.

Samara Noronha é uma cantora que transborda urgência, investindo em uma temática urbana impregnada por uma guitarra fervilhante e caótica, assim como a música "Caos", sua principal canção de trabalho, lançada em clipe e em single.

Quase hard rock, "Caos" está sendo bem sucedida como o cartão de visitas da moça, que também é a responsável por parte das guitarras.

Por mais que a letra não fuja do lugar comum de críticas à vida moderna e ao isolamento das pessoas mesmo em metrópoles superpopulosas, ela funciona, com versos interessantes e misturando ritmos na forma de cantar, que é quase discursiva.

Samara Noronha (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Samara Noronha (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A mineira Marise Marra, mais paulistana do que nunca, segue na mesma toada, mas soa bem mais "porrada" do que a boa guitarrista rondoniense.

Marise também é guitarrista e ganhou destaque em São Paulo com o single e clipe "Arrebatador", um rock na veia, de pegada forte, bem na linha Barão Vermelho do começo da era Frejat, com ecos do Golpe de Estado, especialmente nas letras e na boa timbragem da guitarra.

Houve quem dissesse que a moça é uma Rita Lee mais elétrica e selvagem, o que não está longe da verdade. Marise Marra fez uma apresentação concorrida recentemente, no Centro Cultural São Paulo, na capital paulista, onde fez uma prévia das canções que deverão estar em "Funny Love", seu próximo álbum.

Se por um lado ela não se destaca tanto pela voz, por outro lado a postura de palco e o peso que imprime em seu rock feroz compensam, e muito, qualquer eventual deficiência.

Marise Marra (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Marise Marra (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Gravado em São Paulo, o álbum "Funny Love" foi produzido pela própria Marise Marra (que também assina todas as músicas, letras e arranjos do álbum), em parceria com o norte-americano Brendan Duffey, do Norcal Studios (Angra, Kiko Loureiro, Dr. Sin e Billy Sheehan, entre outros).

Com músicas cantadas em português e em inglês, o trabalho traz convidados especiais como o conceituado violoncelista Jonas Moncaio, a cantora lírica Dadá Cyrino, o baterista Daniel Gohn e o baixista Raoni Passeto.

Marise ainda é responsável por todas as composições (algumas letras em parceria com Cabeto Rocker e Willian Figueiredo), arranjos, vocais, guitarras, violões e baixos (com exceção da faixa "Bird").

O disco está sendo lançado nos formatos CD e digital, pelo selo Amellis Records, com distribuição da Tratore e também está disponível nas principais plataformas de música via streaming. O primeiro single, "Amor Bandido", pode ser baixado gratuitamente no perfil da artista na SoundCloud www.soundcloud.com/marisemarra-1.

 Outra Samara resolveu apostar em algo mais pesado, mas bem elaborado. Natural de Piracicaba, Samara Bueno decidiu abraçar o rock mais pesado em São José do Rio Preto, onde está radicada há algum tempo.

Com um novo projeto, The Black Wolves, com o baixista Kelvin Miura e o baterista Pedro Henrique, a menina baixinha de 26 anos abraçou o stoner rock, a vertente que mistura peso e timbres do rock mais visceral dos anos 70.

Filha de uma pianista conceituada e de um violeiro com linhagem respeitada, herdou um senso estético apurado e uma pegada roqueira de fazer inveja no cenário atual.

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"A música sempre fez parte dos momentos de lazer da minha família. Entre os familiares da minha mãe, predominava o clássico. Quando o encontro envolvia os parentes de meu pai, a moda de viola era o som oficial", diz a moça em reportagem recente do jornal Diário da Região, de Rio Preto.

A moça é versátil. Participa de musicais pelo interior do Estado de São Paulo e se aventura pelo blues, cantando standards das principais divas do gênero. Ou seja, background não lhe falta.

Com a facilidade de compor em inglês por ser professora do idioma, partiu com tudo para mostrar um repertório autoral, entremeado com canções de Bob Dylan, Amy Winehouse, Queens of the Stone Age, Nirvana, Eurythmics e outros ídolos.

Por enquanto, a ideia é lançar as canções autorais aos poucos na internet, para verificar a aceitação antes de encarar o formato álbum de músicas autorais.

 

 

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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