'Massacre', a obra perdida do Made in Brazil, e o resgate da Patrulha

Marcelo Moreira

Um álbum completo engavetado por conta da censura da ditadura militar. Foram vários artistas brasileiros vítimas do infame regime militar que vigorou neste país entre 1964 e 1985, desde a proibição de capítulos inteiros de livros, reportagens em jornais e revistas e mesmo a ordem para retirar ou "riscar" faixas dos então LPs, em vinil. Entretanto, Made in Brazil foi um dos pouquíssimos músicos que tiveram de abortar um trabalho inteiro.

Eis que "Massacre", álbum que deveria ter saído em 1977, ganhará uma tiragem única de 300 exemplares em vinil em 2015, embora não estejam descartadas reedições em LP ou mesmo e CD – neste formato, foi editado em 2005, com nenhuma divulgação e pouca procura, para espanto de muitos no mercado.

"Éramos 'clientes' habituais da censura na década de 1970, mas quando foram analisar o 'Massacre', não tiveram dó: 12 das 16 músicas foram proibidas, o que inviabilizou o lançamento. Tivemos de partir para outra", afirmou o baixista e vocalista Oswaldo Vecchione, até hoje à frete da banda, em depoimento à revista Roadie Crew. (Como era legal essa ditadura militar, né não? E ainda tem seres execráveis que clama pela volta desse lixo…)

As fitas originais em rolo foram encontradas por acaso pelo músico décadas depois, esquecidas em um canto, Foi necessário um árduo trabalho de restauração do material para eliminar o bolor e outros defeitos originados pelo tempo. O resultado é interessante, mais até por conta de se tratar de um registro histórico, carregado de bastante simbolismo.

Patrulha do Espaço

Outra boa notícia é a reedição dos dois primeiros álbuns da banda Patrulha do Espaço, originalmente ditados em 1980 e 1981, ambos intitulados "Patrulha do Espaço". a iniciativa é da Die Hard, loja de CDs/DVDs/Blu-Ray paulistana e que também é selo musical. A empresa já havia colocado no mercado "Capturados ao Vivo em Buenos Aires em 2014", o mais recente CD do grupo.

Importante grupo musical da história do rock nacional, foi criada em torno do mutante Arnaldo Baptista, após a implosão de seu grupo original. A associação durou pouco, mas a banda seguiu em frente sem o então problemático líder, apostando em um viés progressivo com toques hard e psicodélicos.

Passaram pela banda na época músicos como o guitarrista Dudu Chermont, o cantor Percy Weiss e os baixistas Oswaldo Genari e Sérgio Santana. Os álbuns contam com bônus nas novas edições e encartes com textos caprichados de autoria de Fausto Mucin, um dos proprietários da Die Hard.