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A força emotiva da banda Madrenegra

Combate Rock

30/08/2014 07h09

Marcos Chapeleta – do site Dynamite

O Madrenegra é uma das atrações do festival Porão do Rock que acontece neste fim de semana, em Brasília. O grupo encerra a programação do palco Chilli Beans neste sábado, 30, após o show da Nação Zumbi. Formada em 2011, no Jardim Ingá, periferia de Brasília, a banda que atualmente vive em Santos, litoral sul de São Paulo, traz em seu som influências de rap e rock pesado. A Dynamite conversou com o vocalista e letrista Marcelino que falou sobre o recém-lançado EP "Quem Tem O Que Dizer Merece Ser Ouvido", com produção de Marcão Britto, ex-guitarrista do Charlie Brown Jr, e promete fazer um dos shows mais contagiantes do festival. Confira a seguir.

Além de Marcelino, o Madrenegra é composto por Dervan Soares (guitarra), Brioche Mathiole  (bateria) e Allan Carvalho (baixo).

DYNAMITE: Como surgiu o Madrenegra?
Marcelino: A gente é do Jardim Ingá, no entorno sul de Brasília. Nós todos já havíamos tocados em outras bandas e, estávamos todos afastados da cena. Eu fiquei uns cinco anos sem escrever e nem compor nada. De repente, estava compondo riffs e letras e escrevendo todos os dias. Entao, convidei Brioche Mathiolle e Nico Roriz pra tirar um som. Depois convidei o Dervan Soares. Depois de um tempo o Nico saiu da banda. E quando o Allan chegou a química ficou perfeita.
Com dois anos e meio de trabalho a gente já conquistou muitas coisas, tocamos em grandes festivais, rodamos Brasil afora e estamos sendo reconhecidos por um público cada vez maior.

DYNAMITE: Fale a respeito das letras do grupo.
Marcelino: Eu escrevo as letras a partir de fragmentos de poesia ou de ideias que surgem na minha cabeça. Ando com os bolsos cheios de rabiscos e papéis amassados. Algumas vezes escrevo a letra toda de uma vez, mas sempre parto das referências poéticas e literárias que tenho. Sou influenciado também por Renato Russo, Raul Seixas, Chico Science, Chorão e Racionais MCs. Procuro inserir mensagens positivas relacionadas ao humanismo, falando de respeito, igualdade, liberdade e combate ao racismo e ao preconceito.

DYNAMITE: A banda lançou recentemente o EP de estreia, "Quem Tem O Que Dizer Merece Ser Ouvido". Conte como foi a experiência?
Marcelino: Está sendo muito gratificante. É muito bom ter o privilégio de ver alguém cantando uma música nossa, de ver a galera comentando e discutindo as letras. A gente tem tocado muito e a cada show é uma nova conquista porque a resposta do público é excelente!
Gravar e lançar um disco é uma experiência única, que te faz ter a certeza de que vale a pena todo o sacrifício que se faz em nome do sonho de viver de música e pra música!

DYNAMITE: Como surgiu o contato com o Marcão Britto?
Marcelino: Foi uma história incrível, um golpe do destino. Aconteceu aquela tragédia com o Chorão e eu estava muito triste, muito emocionado com tudo aquilo. Mandei uma mensagem de pêsames pra Samantha Jesus, a empresária dos caras. Ela respondeu e a gente foi ficando amigo, conversava de vez em quando. Depois, outra tragédia, a perda do Champignon, foi foda. Continuei falando com a Samantha, mas nunca me passou pela cabeça de que um dia trabalharíamos juntos. Ai um dia eu falei: 'Samantha, eu sou músico, tenho uma banda, tem como você ouvir o meu som, dar uma chance pra gente?' Ela pediu o CD, então eu disse: 'Isso não funciona. Diga onde você mora que a gente faz um som na calçada da sua casa. Se a banda for boa, em 2 minutos você vai saber'.
A gente foi pra Santos com a cara e a coragem, quase sem grana e sem lugar pra ficar. Fizemos uma audição com ela e foi um sucesso. A Samantha disse que se o produtor de confiança dela gostasse, poderia trabalhar a banda. Então, ela ligou pro Marcão e a gente mandou o som pra ele. Imediatamente ele quis gravar a banda e a gente foi pra Santos de novo com a cara a coragem e pouquíssima grana. Na verdade, o Marcão apostou na gente e foi fundamental na nossa carreira.

DYNAMITE: Vocês continuam morando em Santos?
Marcelino: Sim, estamos morando em Santos. Sempre que da a gente volta pra Brasília pra visitar a família.

DYNAMITE: O clipe de "Eu Também Estava Lá" é o primeiro lançado do disco. Como foi a produção?
Marcelino: Foi uma produção simples, com equipe pequena, mas com equipamentos de primeira. Eu escrevi o roteiro com a ideia de que quanto mais forte é a música, menor será a necessidade de efeitos e grandes produções. Os diretores Fabrízio Toniolo e Bruno Couto conseguiram traduzir a letra em forma de imagem, com uma estética moderna e agressiva. Fizemos um grande clipe sem precisar de apelações, dancinhas ridículas ou mostrar a bunda. Isso é rock'n roll!

DYNAMITE: A banda é de Brasília, região importante para o rock brasileiro. Como está o rock por lá hoje em dia?
Marcelino: Brasília sempre será o celeiro de grandes bandas, apesar do rock ter perdido espaço na grande mídia. Em Brasília, ele já é parte da cultura e das raízes da cidade. É uma cidade jovem, de 54 anos, e Legião Urbana e companhia já fazem parte da nossa formação cultural. Na periferia da cidade o rock pulsa com muita força e todo dia surgem várias bandas novas. A Madrenegra é da periferia e não é um caso isolado, é fruto de uma cena em que há shows toda semana e com público fiel.

DYNAMITE: Falando em Brasília, o Madrenegra vai tocar no Porão do Rock. Quais são as expectativas?
Marcelino: A gente está numa fase em que começamos a sermos reconhecidos pelo nosso trabalho. E isso aumenta sempre a expectativa das pessoas e da própria banda. Com todo respeito, vamos fazer um dos melhores shows do festival! Sabemos de onde viemos e onde queremos chegar e isso nos fortalece cada vez mais.

DYNAMITE: Tem outras apresentações agendadas?
Marcelino: Estamos aguardando a confirmação de três shows no Paraná, em setembro, de uma tour em Minas Gerais, em outubro, e no Nordeste, em novembro. Aguardem as cenas dos próximos capítulos.

DYNAMITE: Deixe seu recado ao público da Dynamite.
Marcelino: Quero parabenizar a todos que leem a Dynamite. Eu acompanho a revista / site há muito tempo e a Dynamite sempre foi uma referência de qualidade jornalística e de rock'n roll!
Pra finalizar, ouçam a Madrenegra porque "Quem Tem O Que Dizer Merece Ser Ouvido"!

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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