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Eric Clapton lidera a homenagem a JJ Cale em novo CD

Combate Rock

30/07/2014 06h40

Marcelo Moreira

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Eric Clapton não perdeu tempo em homenagear um de seus grandes amigos e inspiradores de todos os tempos. Sempre disse que JJ Cale é uma das únicas figuras mais importantes da história do rock, um sentimento ecoado por muitos de seus colegas músicos. é inegável que a influência Cale s em Clapton e muitos dos artistas de hoje não pode ser subestimada, haja vista que duas de suas músicas, "Cocaine" e "After Midnight" se tornaram clássicos mundiais do rock na voz e guitarra de Clapton, além de outros artistas que fizeram suas versões.

Para honrar o legado do amigo, um ano após a sua morte, Clapton reuniu um grupo de amigos e músicos e organizaou de forma rápida e eficiente o álbum-tributo "Eric Clapton & Friends – The Breeze – Aprreciate to JJ Cale". Compareceram ao chamado Mark Knopfler (Dire Straits) , John Mayer, Willie Nelson, Tom Petty, Derek Trucks e Don White, que registraram 16 músicas do mestre, com o título remetendo ao single "Call Me The Breeze", de 1972.

"Eu gostaria que as pessoas conhecessem e tocassem a obra de JJ Cale, esse é o ponto", diz Clapton em comunicado divulgado quando do lançamento, no final de julho.  "Eu sou apenas o mensageiro. Sempre senti que esse é o meu trabalho. Eu tento interpretar as coisas de modo a que o público em geral, ou pelo menos as pessoas que escutam o que eu faço."

Cale faleceu em 2013 aos 74 anos, depois de sofrer um ataque cardíaco. Mas sua influência é grande, em uma carreira que durou  quatro décadas e 15 álbuns. Clapton foi o primeiro a reconhecer o talento do amigo, gravando  "After Midnight" em seu álbum de estreia, em 1970, para depois estourar com "Cocaine", lançada em 1977 no álbum "Slowhand".

Com a sensibilidade que lhe é peculiar, o guitarrista inglês emprestou uma elegância que as faixas originais não tinham, e que ganharam evidência quando de seus lançamentos justamente pela crueza e pela força de sua simplicidade. "Call Me the Breeze" abre o CD com uma versão mais enxut, mas esbanjando elegância e versatilidade. O mesmo ocorre na sequência, com a ótima "Rock and Roll Records", com a ótima participação de Tom Petty.

"Someday" ganha um ar mais country, mais adequado ao momento atual do escocês Mark Knopfler, que faz os vocais principais e um excelente complemento ao trabalho de Clapton. A veia country também predomina em "Starbound" e "Songbird" com Willie Nelson mais melancólico do que que nunca nos vocais, e na bela e igualmente tristonha "Crying Eyes", um dueto entre Clapton e a cantora Christina Lakeland (viúva de Cale). O blues ganha energia com a guitarra e vocais de John Mayer em "Magnolia", e também em dois duetos interessantes com Clapton – "Lies" e "Don't Wait".

Um personagem diferente

A música de JJ Cale, de certa forma, não refletia a sua personalidade, ao menos não diretamente. Ele condensou influências em todo o espectro de blues, rock, country e folk – um som híbrido que tem influenciado uma longa lista de artistas. Recluso,  deixou sua música falar por si mesmo e por sua própria escolha nunca se tornou famoso nos termos convencionais da palavra. Em vez disso, preferiu fugir dos holofotes para uma existência mais simples, baseada em suas criações musicais. Ironicamente, fazendo exatamente isso, e com foco em música, o transformou em uma lenda da guitarra.

Cale cresceu em Tulsa, Oklahoma e citou Chet Atkins, Les Paul e Chuck Berry como algumas de suas primeiras influências. Começou a tocar a cena de clubes locais de sua cidade, no início de 1950 cercado por outros nativos, como David Gates (Bread) e Leon Russell. Após se mudar para Los Angeles, em meados dos anos 60, ele gravou a música "After Midnight".

Já um guitarrista realizado com bandas como os Yardbirds, Cream e Blind Faith, Eric Clapton aventurou-se a uma carreira solo com o lançamento de seu álbum "Eric Clapton", de 1970. Um amigo em comum, Delaney Bramlett, tinha dado a Clapton uma cópia da canção de Cale "After Midnight". O inglês, arrebatado, não perdeu tempo e a gravou como o primeiro single do álbum. A canção se tornou um sucesso no topo das paradas.

Anos mais tarde, em abril de 1976, Cale estava se apresentando no Hammersmith Odeon, em Londres, e Clapton entrou em contato, que rendeu uma versão de "Cocaine", que aparece em "Slowhand", álbum de Clapton de 1977. Em 2004, o guitarrista inglês organizou um festival de guitarra chamado Crossroads, que era um evento de três dias com guitarristas de todo o mundo. Clapton convidou Cale para se apresentar no primeiro Crossroads Guitar Festival e juntos fizeram uma das melhores apresentações daquela edição.

 

JJ Cale morreu em julho de 2013 em consequência de um ataque cardíaco quando descansava em sua casa, em San Diego, na Califórnia.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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