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Visto de entrada demora, e Nervochaos perde a turnê norte-americana

Combate Rock

17/04/2014 17h00

Marcelo Moreira

Uma situação complicada está afetando alguns artistas brasileiros que pretendem tocar nos Estados Unidos. O atraso na liberação de vistos e documentação nos consulados norte-americanos pelo país, em especial em São Paulo, obrigou o Sepultura a adiar a turnê de 2013, segundo a banda. Agora é a vez dos paulistanos do Nervochaos enfrentarem a burocracia e terem os planos alterados.

Em comunicado à imprensa e ao público, postado em uma rede social, a banda informa que, com tudo preparado, malas prontas, datas agendadas, equipamento atualizado e anúncios pelo mundo inteiro, não teve os vistos para os Estados Unidos liberados no prazo necessário para viajar e tocar pelo país. Segundo o texto, houve um atraso do serviço de imigração norte-americano, não teve seus vistos para o país liberados no prazo estipulado anteriormente.

"Pedimos nossas sinceras desculpas aos fãs, produtores locais, ao Master e ao Chris (Dark Friday Entertainment). Esperamos poder solucionar essa questão, que foge da nossa alçada, para finalmente podermos invadir o território norte-americano. Desejamos uma excelente turnê aos nossos amigos do Master. Estamos muito tristes mas também tranquilos, pois fizemos de tudo para que os vistos saíssem a tempo. Infelizmente ficamos presos na burocracia da máquina americana, mas não desistimos, chegaremos lá e ainda neste ano", disse o baterista Edu Lane.

Paul Speckmann, baixista e vocalista da banda norte-americana Master, é amigo de muitos músicos brasileiros. em outubro de 2013 convidou o Nervochaos para participar da turnê norte-americana que realizaria agora em abril. Desde então a banda e seu estafe de gerenciamento trabalham com o Master e com a empresa Dark Friday Entertainment na questão dos vistos.

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Segundo a assessoria de imprensa do Nervochaos, foram feitos todos os processos necessários e enviada toda documentação solicitada em novembro do ano passado na expectativa de que o governo americano pudesse cumprir os prazos por eles mesmo estipulados. A banda reclama que não houve um posicionamento até o momento do embarque para os Estados Unidos, que seria o dia 17 de abril. A única posição passada foi a de que o processo está em análise e assim que for tomada uma decisão seremos notificados. Quando o visto sair, a banda pretende remarcar as datas de shows nos Estados Unidos, mas sem a companhia do Master.

O consulado norte-americano em São Paulo informou que não comenta casos específicos de concessão ou recusa de vistos devido a uma lei americana de preza o sigilo de informações dos cidadãos. Músicos que frequentemente viajam aos Estados Unidos dizem que existe uma diferença entre um simples visto de turismo, que restringe qualquer atividade remunerada ou profissional, do visto de que autoriza uma banda a tocar pelos Estados Unidos, tanto que os documentos exigidos são diferentes.

Seja como for, as bandas de rock brasileiras que tiverem de passar pelo processo de vistos de entrada e trabalho nos Estados Unidos precisam estar atentas a essa questão da demora na análise da documentação. O Sepultura perdeu 20 shows no segundo semestre do ano passado por conta de questões burocráticas – isso com uma banda que toca com frequência no país e que tem um integrante norte-americano (o vocalista Derrick Green).

Em 2012, algumas bandas europeias também tiveram problemas para tocar nos Estados Unidos, como os alemães do Helloween. Por incrível que pareça, há casos de bandas suecas, holandesas e alemãs que têm o visto de entrada negado, sem muitas explicações, o que muita gente atribui, na maioria dos casos, ao preconceito por conta da música em si, ou seja, com os temas violentos em músicas de metal extremo ou até mesmo a letras críticas à política externa dos americanos. Só que é bastante desagradável quando uma banda séria e trabalhadora como o Nervochaos perde uma boa chance de divulgar seu trabalho no exterior por conta de "questões burocráticas" de imigração.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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